Em busca de sua primeira vitória na história dos Jogos Olímpicos, o badminton brasileiro estreia nas Olimpíadas de Tóquio no início da madrugada desta próxima segunda-feira (26). Representante do país na categoria feminina, a atleta Fabiana da Silva, de 32 anos, enfrenta a ucraniana Marija Ulitina, às 00h40 (horário de Brasília). Menos de duas horas depois, será a vez do único brasileiro na disputa do torneio masculino, o jovem Ygor Coelho, de 24 anos, que entrará em quadra para encarar Georges Julien Paul, das Ilhas Maurício, às 2h (de Brasília).
Em sua primeira participação em Olimpíada, disputando a modalidade simples, Fabiana da Silva está no grupo H, que também conta com a norte-americana Beiwen Zhang.
Fabiana da Silva e Beiwen Zhang se enfrentam na terça-feira (27), às 22h20 (de Brasília), data em que a brasileira comemora aniversário de 33 anos. Já Ygor Coelho, que se tornará o primeiro jogador brasileiro de badminton a disputar duas edições olímpicas, integra o grupo I, cujo anfitrião é o japonês Kanta Tsuneyama. O duelo individual entre os dois acontece na quarta-feira (28), às 7h20 (de Brasília).
Cada uma das chaves possui três participantes e apenas o primeiro colocado avança para as oitavas de final. O torneio de badminton começou na última sexta-feira (23) e todas as partidas acontecem no pavilhão esportivo Musashino Forest Sports Plaza, a oeste de Tóquio, em Chofu. O local também recebe as competições de esgrima do pentatlo moderno.
Esta é a segunda vez que o badminton brasileiro participa de uma edição de Jogos Olímpicos.
Na estreia do badminton brasileiro como país-sede, no Rio de Janeiro, em 2016, Ygor Coelho e Lohaynny Vicente se despediram sem nenhuma vitória. À ocasião, Fabiana da Silva fazia parte da equipe reserva. Agora, terá a oportunidade de disputar uma Olimpíada pela primeira vez na carreira.
Como existe um limite máximo de dois atletas por país e 39 vagas disponíveis, Fabiana se garantiu em Tóquio com a 36ª colocação do ranking mundial.
Em contato com a reportagem do Hora Campinas, Fabiana comentou sobre o sentimento e a expectativa de participar do maior evento esportivo do planeta. “Estou muito feliz de poder representar o Brasil nos Jogos Olímpicos. A classificação no badminton aconteceu por meio do ranking mundial e ter conseguido me qualificar mesmo com as dificuldades de viajar durante a pandemia já foi uma grande conquista. Agora é representar o país da melhor forma possível, fazendo o meu melhor em quadra e quem sabe ganhar um jogo na fase de grupos”, almeja a atleta de 1,53m de altura, que ocupa a 69ª posição geral no ranking da Federação Mundial de Badminton (BWF).
Fabiana “campineira”
Natural de Niterói, no Rio de Janeiro, Fabiana da Silva é uma das cinco representantes da cidade de Campinas na disputa dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Ela atua pelo Clube Fonte São Paulo, referência nacional de badminton. O clube também é conhecido por ter revelado ícones do vôlei como o campineiro Mauricio Lima, medalhista de ouro nas Olimpíadas de Barcelona (1992) e Atenas (2004), e o também levantador Bruninho, que tentará a sua quarta medalha olímpica em Tóquio. O filho dos ex-jogadores Bernardinho e Vera Mossa detém um ouro (2016) e duas pratas (2008 e 2012).
Além de Fabiana da Silva, outros quatro atletas que jogam ou treinam em Campinas também estão na disputa das Olimpíadas de Tóquio.
Dentre os atuais atletas olímpicos que atuam em Campinas, o principal deles é o central Lucão, da Seleção Masculina de Vôlei, medalhista ouro nos Jogos do Rio-2016 e prata nos Jogos de Londres-2012. Contratado em maio pelo Vôlei Renata, ele defenderá o time campineiro a partir da próxima temporada. Os atletas Marcio Teles, Fernando Ferreira e Tiffani Marinho, da equipe de atletismo Orcampi, completam a lista.
Preparação repleta de desafios
Entre as principais conquistas da carreira de Fabiana da Silva, destaca-se a medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019, conquistada em dupla com Tamires dos Santos, sua parceira de clube e Seleção Brasileira. Com a chegada da pandemia de Covid-19 ao Brasil, em março do ano passado, Fabiana teve a sua rotina de treinamentos afetada e perdeu competições internacionais importantes, mas superou as adversidades e carimbou vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
“Logo no início da pandemia, quando fecharam as academias, eu passei a treinar em casa com materiais adaptados para aquele momento. O cenário era de incertezas e não sabia como ficaria o ranking olímpico. Porém, quando congelaram o ranking, eu estava dentro da lista de classificadas. Eles reabriram em março deste ano e consegui jogar apenas duas competições. Houve ainda mais duas competições importantes para jogar, porém não consegui participar por causa das restrições de entrada para brasileiros no país. Mesmo prejudicada, pois poderia ter marcado pontos importantes na classificação, deu tudo certo e a classificação veio mesmo sem esses torneios que não pude jogar na reta final da classificação”, detalha Fabiana, que ficou mais de um ano sem disputar torneios oficiais até participar do Aberto do Polônia e do Super 300 da Suíça, em março deste ano.
Em maio, com a confirmação da classificação para as Olimpíadas, Fabiana da Silva deixou Campinas rumo a Americana, onde fica o CT da Seleção Brasileira de Badminton.
“Tomamos o máximo de cuidado para evitar riscos na reta final de preparação e seguimos todos os protocolos de segurança, realizando testes de PCR periodicamente antes de embarcar para Tóquio”, conta Fabiana, que está no Japão desde o último dia 17 de julho.
Mensagem do treinador de Campinas
“Minha expectativa para o badminton brasileiro é que possamos fazer história e conseguir a primeira vitória na modalidade em Jogos Olímpicos, quem sabe até avançar da fase de grupos. A participação da Fabiana nos Jogos Olímpicos é uma satisfação muito grande para nós. Sempre soubemos de seu grande potencial e essa classificação só veio a coroar todo o empenho dela como atleta. Desejo a Fabiana o melhor desempenho possível. Não tenho dúvidas de sua capacidade de se superar e tenho certeza que ela irá honrar nosso clube e nosso país em Tóquio”, desejou Rodrigo Ferreira, treinador de badminton do Clube Fonte São Paulo.