Aos 10 anos Carlos Silva Santos sonhava em ser jogador de futebol. Mas, por insistência de sua mãe, acabou entrando no Projeto Dança e Cidadania, idealizado por Lúcia Teixeira e que oferece há 22 anos aulas de gratuitas de balé. “No início eu não queria ser bailarino, sonhava em ser jogador de futebol. Como minha mãe não tinha condições de pagar uma escolinha de futebol ela me colocou para aprender balé. Isso também era um jeito de eu não ficar na rua enquanto ela trabalhava”, lembra.
Carlos participou por 12 anos do projeto e conseguiu se formar no método Royal Academy of Dance. No último exame da Royal a examinadora gostou dele e o indicou para uma companhia de dança da África do Sul. “Fiquei três anos e meio trabalhando fora do Brasil”, conta. O balé deu a oportunidade dele conhecer outros países como Alemanha, Arábia Saudita e Itália.
Ele destaca que seu olhar mudou quando percebeu que os professores e a equipe do Dança e Cidadania acreditavam e confiavam muito no potencial dele. “Uma das professoras que se chama Rosana Presente me inspirou não só a ser bailarino como ver que eu poderia me tornar professor como ela”, diz.
Hoje, aos 31 anos, Carlos segue dançando e também é professor do projeto que mostrou por meio da arte a beleza do mundo e sua potência.
“O balé mudou muito minha perspectiva de vida. Me deu uma profissão que eu amo e a oportunidade de conhecer vários países. Hoje, toda vez que eu dou aula tento passar aos alunos o máximo que os meus professores me ensinaram, como confiança, carinho, paciência, acreditar neles e, principalmente, tentar fazer com que eles enxerguem o seu potencial”, conta.
Carlos, seus alunos e pessoas que sempre acreditaram em seu talento e de outros cinco mil alunos que já passaram pelo Projeto Dança e Cidadania, vão estar neste sábado, às 20h, reunidos para uma apresentação gratuita que ocorre no Teatro Castro Mendes. O espetáculo A-COR-DAR, que contará com 50 integrantes do projeto, fará uma homenagem ao jubileu de 50 anos da Academia Campineira de Letras e Artes (ACLA), ocorrido em 2020.
A apresentação, gratuita e aberta à população, passeia por obras consagradas de Adolphe C. Adam, Tchaikovsky, Michael Nyman, Minkus, Pink Floyd, Tchaikovsky, que prometem emocionar o público.
Para Lúcia Teixeira cada vez que os integrantes do projeto sobem no palco é sempre uma emoção. “A arte e a educação caminham juntas e pela nossa experiência têm ajudado a mudar o mundo de muita gente”, destaca a idealizadora do Projeto Arte e Cidadania.
O roteiro do espetáculo A-COR-DAR é de Rubén Terranova. Na coreografia estão Carlos Santos, Daniela Steck, Nathalia Corrêa e Rubem Terranova. Na produção, Ballet Harmonia com a Direção Geral de Lucia Teixeira.
Para quem quiser conferir o espetáculo A-COR-DAR:
Espetáculo A-COR-DAR em homenagem a ACLA – 50 anos Projeto Dança e Cidadania e Cia de Dança de Campinas
Onde: Teatro Castro Mendes
Rua Conselheiro Gomide, 62, Vila Industrial
Quando: 9 de abril
Horário: 20h
Preço: Gratuito
Kátia Camargo é jornalista e se encanta com histórias que mostram como a arte pode impactar a vida. Na conversa com Carlos lembrou da canção Portas, de Marisa Monte. Quando a mãe do Carlos matriculou ele no balé talvez nunca tenha imaginado quantas portas se abririam no mundo para ele.
A música pode ser conferida aqui: