Devido à grande repercussão do tema explorado na coluna anterior a respeito do melhor aplicativo para se chegar ao lugar do Outro, decidi por continuar até esgotar as possibilidades e caminhos que tal tema nos permitir.
Para você que chegou agora e não sabe do que estou falando, posso sintetizar de uma maneira bem simples e direta: há diversos aplicativos excelentes que são capazes de nos guiar para outro bairro, outra cidade, para outro Estado e inclusive para outro país, nos guiam para os mais diversos lugares, lugares de fácil acesso bem como lugares um pouco mais difíceis de serem acessados e freqüentados. Já vivenciou experiências assim? Eu já!
O ponto que nos interessa aqui é justamente esse: como fazer para chegar a um lugar muito específico, conhecido apenas por manuais de auto-ajuda baratos, por mídias, palestras motivacionais e até em discursos políticos e religiosos; como chegar ao lugar do outro?
Você já parou para refletir sobre isso? Pensando em matemática, em multiplicação, quantas vezes você se colocou no lugar do Outro? E o oposto: quantas vezes você ultrapassou os limites da sua liberdade para impor algo a alguém?
Estou essa semana preparando minhas aulas de filosofia e me deparei com um tema exigido pelo Estado para ser ensinado em sala de aula, tema que diz respeito a direitos e deveres, direitos que foram sendo adquiridos através do viés político em sua essência (não essa que vivemos nos últimos anos), a política no sentido de convivência, de refletir sobre a melhor maneira de se viver, como pressupunha Aristóteles, grande nome da filosofia grega V séculos a.C. Pois bem, a conquista dos direitos veio pós Revolução Francesa onde haviam se esgotado qualquer tipo de conformidade com a realidade imposta pelos governantes aristocratas, sendo assim, o lema de tal revolução fiou conhecida até os dias de hoje como: liberdade, igualdade e fraternidade.
Liberdade pressupõe a decisão de poder escolher como, em sua visão, se daria o melhor modo de se viver, igualdade diz respeito a direitos iguais e fraternidade é sinônimo de empatia, de carinho, amor no sentido aristotélico, o da “philia”, aquele onde se oferece o “ombro amigo”.
A partir dessa exposição percebemos que se colocar no lugar do Outro é um assunto que vem sendo explorado ao longo da história, diz respeito a troca de lugar, principalmente no momento em que você pega a sua definição de liberdade e tem consciência de que a sua liberdade termina quando começa a do Outro, que o Outro também tem direito a igualdade de oportunidades e tal local de se chegar no Outro exige atitudes fraternas, tanto no percurso quando na chegada, no convívio, já que política diz respeito a relações grosso modo falando. Conviver é viver com, viver com pessoas que também sorriem e choram; que tem alegrias e tristezas; que acordam dispostas ou preguiçosas; que são calmas ou irritadas…
“Como faz para chegar ao lugar do Outro professor Thiago?” essa poderia ser uma indagação feita por você para minha pessoa esperando que eu lhe passe uma fórmula pronta, como muitos “gurus charlatões” fazem por aí, que passam uma fórmula mágica da boa convivência, que têm nas mãos uma receita pronta, mas sinto lhe informar que tal resposta advém da experiência sua com o próximo, das relações sociais, dos erros e acertos.
O que eu posso vir a lhe oferecer como uma mera sugestão é a de se colocar no lugar do Outro, é a de não fazer ao próximo o que você não gostaria que fizessem com você. Reflita sobre isso e digo mais: coloque em prática a sua reflexão, pois a vida é a melhor escola para se desenvolver enquanto ser humano, racional e que convive em sociedade. Um grande abraço.
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL)