Entrava eu essa semana em um carro que havia solicitado por um aplicativo, um senhor já de idade elevada muito educado me recebeu, dando os devidos comprimentos formais e se manteve quieto exercendo seu trabalho. Eu sou uma pessoa bastante comunicativa (chega a ser estranho, pois até os 20 anos eu era extremamente tímido). Enfim, decidi puxar um papo com o motorista, perguntando sobre a demanda de chamadas, clientela, horas de trabalho e o excesso de atividade por necessidade e/ou ambição até que chegamos ao assunto: saúde!
E a partir daqui gostaria de lhe convidar a refletir comigo sobre esse diálogo que tive com esse motorista já senhor relacionado a saúde, você me faz companhia? Considera-se aberta (o) a acolher novas linhas de raciocínio? Ótimo. Então vamos lá.
“A vida é o nosso maior bem! A vida é o nosso maior presente! Infelizmente há exceções, mas em geral nascemos com saúde e cabe a nós cultivá-la e mantê-la com a maior intensidade possível, pois ela é valiosíssima!”, disse ele.
Vale ressaltar que não houve por parte do motorista nenhuma citação religiosa. Mencionei que sou professor e o ele fez a seguinte analogia: “O aluno já adentra no início do ano com a nota 10, cabe ao aluno se comprometer, ter disciplina e se esforçar para manter essa nota ao final do bimestre/ semestre”.
Nunca tinha parado para pensar nisso. Naquele percurso com o senhor dirigindo, de modo espontâneo ele disse que sentia muito por ter tido de abandonar a escola no primário para ajudar os pais na roça, mas segundo ele. “Nunca é tarde para recomeçar!”.
Aquele percurso foi uma verdadeira aula que tive, sobre o valor da vida e os cuidados com a saúde, sobre não ter tempo específico para recomeçar, sobre a sabedoria da vida, essa que não vêm embalada nem tampouco inclusa em nenhum diploma universitário de graduação, mestrado ou doutorado.
Você já parou para pensar que a vida é um presente, o mais valioso?
Penso que a vida não tenha um preço, mas sim que ela seja valiosa, tão valiosa que, envolvendo saúde, nem sempre, mesmo com milhões de reais na conta bancária, não se consegue a cura de doenças malditas como o câncer, por exemplo. Basta parar e ver a quantidade de celebridades que partiram por conta disso, deixando todos os bens materiais aqui. Há aquela frase que diz que quando se morre você fica apenas com a roupa do corpo ali exposto no velório e nem é você quem a escolhe.
Pois bem, se pensarmos nisso, as provocações da filosofia se tornam aqui mais intensas: você enxerga a vida como um presente sem preço? Você se venderia por algum objetivo? Você se cuida, cuida da sua saúde? Você sustenta vícios como ambição, ganância, mesquinhez? A filosofia expõe a proposta do hedonismo, uma proposta de vida onde se valoriza o momento, o instante, único e singular, esse que não envolve exageros carnais, mas aquele onde há o desfrutar das emoções que a própria vida, a natureza nos oferece. O pensador alemão Nietzsche também defende a teoria do Amor Fati, um amor que almeja utopicamente que o instante não terminasse de tão puro e impactante que ele estivesse sendo.
Espero verdadeiramente que essa nossa reflexão possa ter lhe instigado a pensar mais em sua vida e nos cuidados que anda tendo para com ela. Este texto escrevi após a aula que tive com aquele senhor, um motorista sem o estudo formal que tanto se cobra na sociedade, porém cheio de sabedoria adquirida pela escola da vida e suas maiores lições e provações. Infelizmente nem nos damos conta disso, e sequer as interpretamos por esse viés. Um grande abraço.
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL) – Instagram @institutopontes_oficial