A Ucrânia e a Rússia se preparam para assinar um acordo, nesta sexta-feira (22) em Istambul, que irá permitir a exportação de cereais ucranianos, bloqueados nos portos do Mar Negro devido à guerra e que fazem falta nos mercados mundiais.
O acordo, negociado durante os últimos dois meses sob mediação da Turquia e das Nações Unidas, ainda não foi apresentado, mas a poucas horas da assinatura no Palácio Dolmabahçe, na cidade turca de Istambul, na presença do secretário-geral da ONU, António Guterres, algumas condições já são conhecidas.
Veja alguns pontos já conhecidos do acordo, segundo a agência France-Presse:
♦ Terá um centro de coordenação e controle em Istambul
Será dirigido por representantes das partes envolvidas: um ucraniano, um russo, um turco e um representante da ONU, auxiliados pelas suas respetivas equipes. Estes delegados serão responsáveis por estabelecer o cronograma de rotação de navios no Mar Negro. Segundo os especialistas envolvidos na negociação, ainda são necessárias três a quatro semanas para finalizar os detalhes e torná-lo operacional.
♦ Serão feitas inspeções na Turquia à partida e chegada
A inspeção dos navios que transportam os cereais é uma exigência de Moscou, que quer garantir que os navios não irão servir para entregar armas à Ucrânia. Estas inspeções não terão lugar no mar, por razões práticas, mas sim na Turquia, provavelmente em Istambul, que tem dois grandes portos comerciais, na entrada do Bósforo (Haydarpasa) e no mar de Mármara (Ambarli). Conduzidas por representantes das quatro partes envolvidas na elaboração do acordo, serão realizadas tanto à saída como à chegada dos navios.
♦ Navios viajarão por corredores seguros
Os russos e os ucranianos comprometem-se a manter corredores marítimos no Mar Negro livres de qualquer atividade militar. Conforme o acordo, se for necessário proceder a uma desminagem, esta será realizada por um “país terceiro” – nenhum dos três envolvidos – que ainda não foi especificado. Quando partirem da Ucrânia, os navios serão escoltados por embarcações ucranianas (provavelmente militares) até estar fora das águas territoriais ucranianas.
♦ Terá duração de quatro meses, mas é renovável
O acordo será assinado para estar em vigor nos quatro meses seguintes, mas será renovado automaticamente. O prazo inicial foi calculado tendo em conta que estão 20 a 25 milhões de toneladas de cereais nos silos dos portos ucranianos. Se forem exportados oito milhões de toneladas por mês, este período de quatro meses será suficiente para retirar o que já está armazenado.
♦ Terá uma contrapartida para cereais e fertilizantes russos
Um memorando de entendimento deverá acompanhar este acordo, garantindo que as sanções ocidentais contra Moscou não incidirão direta ou indiretamente em cereais e fertilizantes. Esta foi uma exigência da Rússia, que a tornou condição ‘sine qua non’ para a assinatura do acordo.
(Agência Lusa)