Você minha querida leitora, meu caro leitor, acredita em determinismo? Ou pelo contrário, acredita que somos inteiramente livres para conquistar o sucesso e a felicidade que tanto almejamos? Haveria um meio-termo? É sobre isso que convido você a refletir hoje. Posso contar com sua companhia? Espero que sim, pois me sinto só aqui ao escrever esse artigo. Vamos à ele.
Sou formado em Filosofia, sou professor de tal disciplina, que basicamente estimula as pessoas a desenvolverem o senso crítico, o autoconhecimento e as relações sociais. Com base nisso trago argumentos deterministas que são aqueles que defendem a ideia de que somos submissos a uma força superior. Força essa que pode receber o nome de cosmos cujo significado é “mundo em ordem” e cada coisa nele possui uma finalidade, cada objeto, cada animal. Para nós seres humanos, em tal teoria, não há liberdade alguma, há apenas um determinismo do que de fato era para acontecer e ponto final.
Você é adepto de tal teoria, teoria que se associa a uma premonição, de que tinha que ser assim, de que não tinha como fugir? Aqui podemos ajustar essa teoria do cosmos advinda dos gregos antigos e inserir a religião com o Deus cristão, que nos concede o livre-arbítrio, e agora como você interpreta esse argumento? Como você vê essa liberdade?
Há uma teoria oposta a essa exposta acima, que é a da filosofia existencialista, teoria ateia, realista/ pessimista na qual defendem que somos nada, e possuímos um vazio existencial, uma existência na qual somos jogados no mundo. A nós é atribuída a responsabilidade de escolha, de se fazer uma opção, e isso traz consigo angústia.
É uma teoria que dá margem à chamada “muleta metafísica” podendo buscar ser preenchida pela religião, terapias holísticas, atividades físicas, vícios em geral… Há em tal teoria espaço para a fuga do vazio e da angústia existencial que ela carrega consigo, fruto da liberdade.
Sartre, um filósofo francês, é o principal nome dessa linha filosófica, segundo ele “somos condenados a ser livres!”, um paradoxo não é mesmo? Como podemos estar condenados se ele afirma que somos livres? A resposta em sua teoria é justamente a de que não pedimos para nascer e cá estamos nós, tentando dar conta do recado de viver.
E como se não bastasse, a indústria do marketing digital viu nesse suposto vazio existencial uma oportunidade de vender produtos e serviços para que tal angústia seja sanada (mesmo que temporariamente). É aqui que adentram os eventos motivacionais dirigidos por gurus da autoajuda que nos incentivam 24 horas por dia a vencer na vida.
Você quer vencer na vida? Você se considera livre para isso? Há ética na hora de passar por cima dos seus “adversários”? Você já se conhece o suficiente para saber se esse esforço lhe trará ganhos emocionais, saúde e paz? Ou lhe desgastará lhe fazendo recorrer a psicólogos, terapeutas e psiquiatras em busca de remédios para amenizar frustrações que provavelmente estão lhe esperando na jornada existencial?!
Você se identificou com a teoria determinista onde não há autonomia nem liberdade, ou se identificou mais com a de que somos livres e cabe a nós assumirmos a responsabilidade pelos resultados de nossos atos e omissões sem delegar a culpa a terceiros?
Haveria um meio termo, um limite, onde temos que agir até nosso “teto” e esperar que o Universo conspire a nosso favor? Onde sua crença lhe enquadra? Haveria mais opções?
Provavelmente sim, a sugestão aqui é lhe fazer refletir sobre como você anda pautando sua vida, sua rotina, sua existência. É protagonista dela ou apenas mero coadjuvante? Um grande abraço.
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL) – Instagram @institutopontes_oficial