Gustavo Osmar Corrêa Mazzola
Academia Campinense de Letras
Dois tropeços incomodavam o grande maestro campineiro Carlos Gomes, quando ultimava os preparativos para o lançamento, no teatro Scalla de Milão, de sua obra lírica famosa em todo o mundo, a ópera “O Guarani”: o tenor escolhido para interpretar o Peri de José de Alencar, Villani, usava barbas, e recusava-se a apará-las para a estreia tão aguardada. O maestro considerava inadequada essa aparência dentro da encenação operística:
– Onde já se viu um índio brasileiro barbudo?
Depois de muita agitação sobre essa situação, decidiu-se que Villani passaria a usar em cena uma pomada salvadora e outros ingredientes, que disfarçariam a sua barba. O tenor não podia ser dispensado, pois era um intérprete consagrado na Europa, naquele momento insubstituível.
Outro problema a ser contornado era encontrar-se instrumentos indígenas para certos trechos de música nativa, indisponíveis para o lançamento e não encontrados em toda a Itália.
A solução foi encomendar-se sua fabricação numa afamada fábrica de órgãos em Bérgamo.
Carlos Gomes foi o primeiro compositor brasileiro a se apresentar no teatro Scalla, tornando-se, com sua obra “O Guarani”, o mais importante nome dentro da música lírica brasileira.
Gustavo Osmar Corrêa Mazzola é acadêmico. Ocupa a cadeira 14 da ACL