Regina Márcia Moura Tavares
Academia Campinense de Letras
O campineiro ANTÔNIO CARLOS GOMES, vivendo durante o reinado de D.Pedro II, em pleno século século XIX, não poderia deixar de compor MODINHAS E CANÇÕES, tão a gosto da gente brasileira, por influência da corte portuguesa. Homem de extrema sensibilidade soube entender a linguagem da canção, forma musical através da qual fala, até hoje, a alma brasileira.
Enquanto suas Óperas, tidas pelos europeus como do mesmo nível das de Giuseppe Verdi, Puccini e de tantos outros aclamados, foram recolhidas e organizadas nos anos que se seguiram à sua morte, as Canções permaneceram dispersas e estudadas superficialmente, ao longo do tempo. Muitas informações se perderam, inclusive relativamente aos poetas que tiveram seus textos musicados e sobre as pessoas às quais elas foram dedicadas.
Tais composições do nosso grande músico afro-brasileiro evidenciam sua forte veia melódica e um profundo conhecimento da voz humana, pois realizam um entrosamento perfeito entre o texto, o canto e o acompanhamento.
Em suas escolhas temáticas nota-se, obviamente, influência de compositores europeus com os quais conviveu na Itália, onde estudou e morou durante longo tempo.
As Modinhas e Canções, escritas entre os anos de 1857 e 1890, foram agrupadas pela Ricordi de Milão em 3 álbuns, o que nos permite apreciar o tom brejeiro, típico brasileiro, na canção “CONSELHOS”, a delicadeza da canção francesa em “MON BONHEUR” e “NOCES D’ARGENT”, bem como a beleza melódica e a expansão do lirismo da canção italiana em tantas outras.
Percebesse, então, que a composição de Carlos Gomes é profundamente emocional, tocando facilmente o ouvinte que, como ele, tenha vivido momentos em que se alternaram a alegria, a tristeza, a desesperança e a morte de pessoas queridas.
A professora e cantora lírica campineira NIZA DE CASTRO TANK dedicou parte de sua vida acadêmica à pesquisa das “PobresCanções”, como o próprio compositor as designava diante dos interessados somente em suas óperas; juntamente com alguns de seus ex-alunos, Niza gravou 21 delas, com o acompanhamento ao piano de Achille Picchi.
Regina Márcia Moura Tavares é acadêmica. Ocupa a cadeira 36 da ACL