Você sabia que o arquiteto Ramos de Azevedo foi também um grande empreendedor? Na última semana seu nome foi relembrado por conta do aniversário de 114 anos do Mercado Municipal de Campinas. Ramos foi o responsável por essa bela obra e também ajudou a concluir a Catedral Metropolitana de Campinas. Por isso resolvi me aprofundar um pouco mais em sua vida e sua obra.
Seu talento é uma referência na cidade, pois Campinas cresceu em torno do nosso famoso Mercadão e da Catedral. Tamanha é sua marca que, em sua homenagem, a nova rodoviária de Campinas, inaugurada em 2008, recebeu o nome Terminal Multimodal Ramos de Azevedo.
Francisco de Paula Ramos de Azevedo nasceu em São Paulo, veio de uma família rica que se mudou para Campinas.
Em 1878, ele foi para Ghent, Bélgica, estudar engenharia civil na École Speciale du Génie Civil et des Arts et Manufactures. O diretor do curso da Faculdade de Arquitetura ficou surpreso com a qualidade do seu trabalho e sugeriu que ele mudasse sua carreira para a arquitetura clássica. Ele se formou em 1886 e, antes de voltar ao Brasil, chegou a fazer uma exposição em Paris, França.
De volta ao Brasil, Ramos de Azevedo se estabeleceu com a esposa em Campinas e realizou seus primeiros projetos, utilizando seu conhecimento da arquitetura veneziana. O então governador de São Paulo, o Visconde de Parnaíba, que havia ficado impressionado com as obras do jovem engenheiro e arquiteto no Interior, o convida para se mudar para São Paulo.
Na Capital, Ramos de Azevedo foi contratado para projetar a Secretaria da Fazenda, no Pátio do Colégio – ponto histórico onde os jesuítas fundaram a cidade, em 1554.
E de 1886 a 1930, Ramos de Azevedo colocou em pé 32 projetos no centro da cidade. Os mais marcantes são o Theatro Municipal (na atual Praça Ramos de Azevedo), o Mercado Municipal, o Palácio das Indústrias, a Escola Caetano de Campos e o Liceu de Artes e Ofícios, atual Pinacoteca.
Calcula-se que o Escritório Ramos de Azevedo tenha executado mais de 76 mil projetos ao longo de sua história e chegou a empregar cerca de 500 funcionários. Considerado um grande empreendedor, ele tinha uma excelente rede de contatos, ou, como se diz hoje, um bom network.
Outra coisa interessante descrita no livro Ramos de Azevedo e Seu Escritório, escrito por Carlos Lemos, é que ele adorava lecionar como se o ensino fosse sua religião. Muitas vezes ele investia em tecnologia, tirando dinheiro do bolso, por exemplo, para aparelhar o Laboratório de Tecnologia, que se transformou no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), ligado à Universidade de São Paulo.
Vale muito se aprofundar na vida e obra desse arquiteto que marcou não só a história da nossa cidade, como a do Brasil. Desejo que nossos jovens não só visitem suas obras na cidade mas também conheçam sua história inspiradora.
Luis Norberto Pascoal é empresário, empreendedor e incentivador de projetos ligados à educação e à sustentabilidade. A Fundação Educar Dpaschoal é um dos pilares de seu trabalho voltado ao desenvolvimento humano e social