A filantropia organizada, como a maioria das coisas, é diferente por dentro do que parece por fora. “Filantropia” vem do grego, significa ‘amor à humanidade’, e as percepções públicas sobre isso geralmente se concentram nos doadores e em quão justamente amantes da humanidade eles são.
Os mocinhos são pessoas generosas que cedem a causas que todos nós aprovamos, como combater as mudanças climáticas e a pobreza. Já os bandidos, doam para lavar sua imagem ou para promover objetivos desagradáveis, como os antiambientalistas.
De qualquer forma, as questões salientes sobre filantropia, para a maioria das pessoas, têm a ver com o tamanho, a qualidade do coração e da alma de um doador. Porém, a boa filantropia não dá nada, somente ajuda pessoas a ficarem de pé e caminharem com suas próprias pernas e sonhos.
Na vida real, a interação entre filantropia e dinheiro, e instituições dependentes da filantropia, como universidades, instituições de caridade e museus, são mais uma negociação de interesses do que uma peça de moralidade. Infelizmente.
Os filantropos raramente fazem os presentes grandes e irrestritos que as instituições receptoras realmente querem, e assim as duas partes negociam: a respeito do propósito e o controle de um presente, a respeito da forma de crédito, e do quanto a instituição tem que arrecadar de outras fontes como condição para que o presente seja feito. Isto está certo se o objetivo é real de educação ou resgate humano.
No mundo da filantropia, tudo isso é apenas mais um dia no escritório.
A Universidade de Yale recentemente formou um comitê para estudar suas relações com os doadores. Isso aconteceu depois que o diretor de seu célebre programa de ‘grande estratégia’ renunciou em protesto quando dois grandes doadores tentaram exercer o que parecia ser um direito contratual de criar um conselho consultivo para o programa. Seria um erro ver este caso como evidência de que tais pedidos são raros ou que as universidades raramente concordam com eles.
Na realidade, o doador não pode ser o dono da doação, deve fazê-la com propósitos honestos e duradouros.
O problema não está no dinheiro, mas na sua origem ou utilização. Na minha opinião, não devemos dar esmolas. Se você desejar ajudar de verdade, analise a pessoa que está pedindo e se desejar ajudar, ofereça algo de valor educacional e humanitário, jamais uma esmola.
Exemplos maravilhosos de ações concretas não faltam em Campinas. Como a família que deixou para a Feac seus bens, e que hoje permitem apoiar mais de 100 entidades que realizam projetos únicos no Brasil.
A Fundação Feac contribui para representar o direito de todos de ter uma vida livre de privações para que consigam desenvolver em liberdade todo o seu potencial, desfrutando de um trabalho digno, acesso a saúde e educação de qualidade, tempo e espaços adequados para lazer e convivência e cuidado e proteção ao longo da vida. Assim, a Feac trabalha empoderando populações vulneráveis, potencializando territórios vulneráveis e impulsionando as organizações.
Também conheci bem e estudei na Fundação Kellogg, que recebeu toda a herança da fábrica de Sucrilho, por ter sido uma obra do acaso. Os investimentos de seu fundador W.K. Kellogg eram destinados para “ajudar as pessoas a ajudarem a si mesmas”. Hoje a Fundação Kellogg apoia conjuntos integrados de projetos em áreas da América Latina onde a pobreza é mais persistente. Isso significa que a pobreza se perpetua de geração em geração. A fundação acredita que é preciso quebrar esse ciclo intergeracional de pobreza. Por isso, aposta na força e energia da juventude como ator principal neste processo, e espera romper com esse ciclo.
A esmola é um lava-a-alma de quem não tem alma. Seja um voluntário e ajude quem de fato sofre e não sabe como encontrar a porta da virtude e do caminho saudável do amor ao próximo.
Luis Norberto Pascoal é empresário, empreendedor e incentivador de projetos ligados à educação e à sustentabilidade. A Fundação Educar Dpaschoal é um dos pilares de seu trabalho voltado ao desenvolvimento humano e social