Você já ouviu falar no termo ‘revolição’? Ele foi amplamente difundido pelo pedagogo Antonio Carlos Gomes da Costa, em especial para se referir à ‘revolição’ da esperança. Ele foi um mineiro que acreditava na construção de um mundo melhor por meio da educação, do protagonismo, do voluntariado e do fazer junto.
Antonio Carlos nasceu em 1949 e morreu há exatos 11 anos, em 6 de março de 2011, deixando um grande legado para a educação brasileira. Foi professor, educador, um dos principais colaboradores e defensores do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), oficial de projetos da Unicef e da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e trabalhou como perito no Comitê dos Direitos da Criança na ONU (Organização das Nações Unidas), em Genebra, na Suiça.
Dentre muitas obras escritas é também autor do livro “Revolição – A Revolução da Vontade”, que dá dicas práticas de como incentivar o voluntariado na escola.
Para homenagear um dos maiores educadores do campo do desenvolvimento social e da ação educativa, quero detalhar a palavra “voluntário”, que remete ao conceito de vontade. Isto é, o voluntário é quem age espontaneamente, não necessita ser pressionado e age com afeição e boa-fé. Assim enxergo a vida e obra dele.
O ato voluntário é um ato de volição, aquele que é realizado a partir de decisões da própria consciência, dos desejos e da sensibilidade.
Nele, o homem exercita sua liberdade e sua vontade. Nesse sentido, o grande valor do ato voluntário, quando direcionado para a área de responsabilidade social, é a sua capacidade de transformar o mundo.
O individualismo, o consumismo e os contornos do sucesso, que são medidos pela aquisição de bens materiais, são reflexos da ambição e da competitividade, hoje, valores considerados absolutos, que precisam ser revertidos.
Atitudes solidárias e o comprometimento livre com uma causa, numa entidade ou numa organização comunitária, constituem a força transformadora capaz de restabelecer o equilíbrio necessário ao ser humano para enfrentar os desafios e reavaliar os verdadeiros valores a serem perseguidos.
As atuais exigências do mundo do trabalho e a necessária disponibilidade do gesto voluntário não são vetores excludentes, e sim complementares.
Os conflitos internos podem ser gradativamente atenuados pela força de projetos de voluntariado que, assim como a educação, buscam o aprendizado do convívio, da cooperação, da tolerância e da consciência das insuportáveis diferenças sociais e econômicas.
O que precisamos é de uma ‘Revolição’, como bem dizia Antonio Carlos, engajando cidadãos que percebam a necessidade de agir, criar alianças e mudar o mundo ao seu redor.
A revolição é a mobilização que parte da vontade de cada indivíduo para melhorar o Brasil. Caros leitores, o meu amigo Antonio Carlos sabia das coisas. Eu até arrisco dizer que ele era um visionário.
O voluntário de hoje, ou seja, o ‘revolicionário’, será amanhã um profissional preocupado com as questões de meio ambiente, com a qualidade de vida no trabalho, com a inserção dos excluídos no mercado… Será, enfim, um profissional socialmente responsável, não por um eventual modismo nem por uma imposição externa, mas como resultado do seu processo de conscientização e humanização.
Antonio Carlos não teve filhos biológicos, mas teve muitos ‘filhos pedagógicos’ e influenciou toda uma geração de educadores com a Pedagogia da Presença e conceitos como protagonismo, projeto de vida e desenvolvimento pessoal e social.
Ele deixou em nós muita esperança da construção de um mundo melhor, mais justo e humano para se viver. Convido vocês a fazerem uma ‘revolição da esperança’.
Luis Norberto Pascoal é empresário, empreendedor e incentivador de projetos ligados à educação e à sustentabilidade. A Fundação Educar Dpaschoal é um dos pilares de seu trabalho voltado ao desenvolvimento humano e social