18 de maio de 2022
O SEU PORTAL DE NOTÍCIAS, ANÁLISE E SERVIÇOS
  • ANUNCIE
  • WHATSAPP
Sem Resultados
Ver todos os resultados
Informação e análise com credibilidade
  • ÚLTIMAS
  • CIDADE E REGIÃO
  • COLUNISTAS
  • ARTE E LAZER
  • OPINIÃO
  • ESPORTES
  • EDUCAÇÃO
  • GERAL
  • INTERNACIONAL
  • MEMÓRIA
  • ÚLTIMAS
  • CIDADE E REGIÃO
  • COLUNISTAS
  • ARTE E LAZER
  • OPINIÃO
  • ESPORTES
  • EDUCAÇÃO
  • GERAL
  • INTERNACIONAL
  • MEMÓRIA
Sem Resultados
Ver todos os resultados
Informação e análise com credibilidade
Sem Resultados
Ver todos os resultados

As virtudes e o pecado de um homem de caráter – por João Nunes

João Nunes Por João Nunes
26 de janeiro de 2022
em Colunistas
Tempo de leitura: 3 mins
A A
Benedict Cumberbatch assume com convicção o papel de Phil, o vilão da história Fotos: Divulgação

Benedict Cumberbatch assume com convicção o papel de Phil, o vilão da história Fotos: Divulgação

O vilão Phil (Benedict Cumberbatch) brilha na tela e no cartaz do filme, mas quem conta a história em “Ataque dos Cães” (The Power of the Dog, UK, Austrália, EUA, Canadá e Nova Zelândia, 2021, 136 min.), da neozelandesa Jane Campion, é Peter, o australiano Kodi Smit-McPhee. A trama descrita no livro homônimo de Thomas Savage, que o próprio roteirizou junto com a diretora, é a luta por espaço na fazenda dos irmãos Phil e Georges (Jesse Plemons).

Georges abre as portas para Rose (Kirsten Dunst) e, sensível, chora porque não mais viverá sozinho nos confins de Montana, em 1925, se casam, ele a leva (com o filho) para morar na fazenda e lhe dá um piano de presente.

 

O misógino Phil não se conforma, trata Rose com desprezo e Peter com zombaria.

 

Quem ele gostaria que estivesse por perto era o “mais que amigo” Bronco Henry, morto que vive nas memórias relatadas aos peões. Rose se conforma, mas, para Peter, Phil é quem está sobrando.

 

 

Logo na abertura, o narrador Peter diz uma frase emblemática, indicativa do início e do desfecho da história: “Depois da morte do meu pai, eu só queria que minha mãe fosse feliz. E que homem seria eu se não a defendesse, não a salvasse”? Como se nota, ele se impõe pesada responsabilidade e tal ato o define como pessoa.

No cinema, posturas similares fazem parte da cartilha dos heróis, sujeitos imponentes que miram horizontes distantes e são corajosos, valentes, impolutos, determinados e, claro, bonitos. Seguindo tal cartilha, Peter está mais anti-herói.

Desprovido de beleza padrão, o corpo magro e desengonçado revela fragilidade e desamparo. Em contraste com a rudeza da fazenda de gado, ele confecciona flores que adornam o restaurante da mãe Rose. Phil (e seus viris vaqueiros) debocha do “florzinha” e se dispõe a fazer dele um “homem”.

Para quem quer ser médico (igual ao pai), delicadeza pode ser ótima parceira no manuseio do bisturi, prática que Peter exercita usando dóceis coelhos. E não confunda fragilidade com falta de habilidade, tais como astúcia, discrição, paciência e saber jogar o jogo – Peter possui todas elas.

 

Peter (Kodi Smit-McPhee) cria flores que adornam a mesa do restaurante da mãe

Ele só precisa deixar o inimigo crer que sabe mais, estar disponível para se tornar bruto e montar cavalos ariscos e, feito discípulo, ser aliado místico e afirmar que vê bichos na colina. “Vi um cão quando cheguei aqui”, citação de um salmo, lembrando que Phil foi grosseiro com o cowboy insensível que nada conseguia enxergar.

Jane Campion dirige história hostil com sobriedade. As belas e perigosas colinas, esconderijos de bichos e moradia da solidão, assistem impassíveis à infelicidade de Phil, à tristeza imensa de Rose, aos silêncios melancólicos de Georges e aos medos de Peter. A música de Jonny Greenwood, guitarrista do Radiohead, acompanha a ambientação e cria melodias tensas, insólitas e atraentes.

 

Georges (Jesse Plemons): emoção por saber que não mais estará sozinho

 

A fotografia de Ari Wegner mimetiza a desarmonia nas luzes indiretas dos ambientes fechados e nas cores esmaecidas dos locais abertos. Há um momento de brilho, imagem inesquecível de Peter com o cão de Phil. Luz intensa, claridade amarelecida que reverbera por toda tela.

Benedict Cumberbatch, excelente, assume convicto ser homem mau implacável. A Jesse Plemons coube a difícil tarefa de se conter e falar pouco, mas demonstrar emoções fortes, como o choro que o livrará da solidão.

Kirsten Dunst, tímida, deposita na linguagem do corpo a força da interpretação, no caminhar trôpego, no balançar inseguro das pernas, nas mãos trêmulas ante o piano. Em cena brilhante, feito filhote de pássaro ameaçado por predador, ela se debate. Depois de escapar da morte, recatada, sorve uma bebida como se tomasse veneno à espera de novo ataque.

 

Kirsten Dunst, a tímida Rose, deposita na linguagem do corpo a força da interpretação

Kodi Smit-McPhee também usa o corpo como expressão e o faz de modo preciso ao compor um Peter medroso e, ao mesmo tempo, cheio de coragem, dois sentimentos presentes na frase dele no início, como se dissesse: os fortes nem sempre são os viris, fracos nem sempre são frágeis e um homem se mede pelo caráter – constatações irretocáveis.

Contudo, a diretora ignora questão ética inegociável – o que não significa concordância nem que não haverá consequências. O referido salmo diz: “Senhor, livra minha vida do ataque dos cães”. Trata-se de oração na qual Davi reconhece que livramento não é atribuição dele. Ao filme, basta ao homem ter caráter. Na vida, apenas caráter não é suficiente.

Após ganhar o Globo de Ouro, “Ataque dos Cães” tornou-se favorito na disputa do Oscar 2022. Os indicados serão divulgados em 8 de fevereiro.

 

Filme disponível na plataforma de streaming da Netflix

 

João Nunes é jornalista e crítico de cinema

Tags: ataques dos cãesBenedict CumberbatchJesse PlemonsJoão NunesKirsten DunstKodi Smit-McPheeSala de Cinema
CompartilheCompartilheEnviar
João Nunes

João Nunes

Sala de Cinema

Notícias Relacionadas

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A verdade nua e crua – por Carlos Brickmann

18 de maio de 2022
Foto: Pixabay

Loteamentos: lei de parcelamento do solo urbano – por Renato Ferraz Sampaio Savy

17 de maio de 2022
Foto: Pixabay

Sobre o perigo de se idealizar pessoas – por Thiago Pontes

16 de maio de 2022

O Maio Amarelo e a “epidemia” das mortes no trânsito do Brasil – por Carmino de Souza e Gustavo Fraga

16 de maio de 2022
Tema da Casa Cor 2022, Infinito Particular, mostra soluções de casas com memórias afetivas e traços mais minimalistas, além de harmonia, proteção, funcionalidade e conforto como do projeto feito pelo arquiteto inglês John Pawson, que transformou uma fazenda de 1610 em uma confortável casa de campo de linhas puras e decoração mínima. -Fotos: Divulgação

Infinito particular: inspirações do novo viver – por Daniela Nucci

15 de maio de 2022

Chega de guerra – por Carlos Brickmann

15 de maio de 2022

Quer apoiar o jornalismo do Hora?
Clique ou faça a leitura do QRCode

Populares

  • Hortolândia realiza seis concursos para preencher 446 vagas

    0 Compartilhamentos
    Compartilhe 0 Tweet 0
  • Estudante é enterrada sob comoção; suspeito é procurado

    0 Compartilhamentos
    Compartilhe 0 Tweet 0
  • Unicamp decreta luto de 3 dias por estudante encontrada morta

    0 Compartilhamentos
    Compartilhe 0 Tweet 0
  • CPFL abre vagas para curso gratuito de eletricista em Campinas e região

    0 Compartilhamentos
    Compartilhe 0 Tweet 0
  • Jogador do Corinthians é preso suspeito de chamar atleta do Inter de “macaco”

    0 Compartilhamentos
    Compartilhe 0 Tweet 0
Hora Campinas

Somos uma startup de jornalismo digital pautada pela credibilidade e independência. Uma iniciativa inovadora para oferecer conteúdo plural, analítico e de qualidade.

Seja um apoiador do Hora Campinas

VEJA COMO

Editor-chefe

Marcelo Pereira
marcelo@horacampinas.com.br

Editoras de Conteúdo

Laine Turati
laine@horacampinas.com.br

Maria José Basso
jobasso@horacampinas.com.br

Editor de Fotografia

Leandro Ferreira
fotografia@horacampinas.com.br

Reportagem multimídia

Eduardo Martins
eduardo@horacampinas.com.br

Francisco Lima Neto
francisco@horacampinas.com.br

Gustavo Magnusson
gustavo@horacampinas.com.br

Para falar com a Redação:

E-mail

redacao@horacampinas.com.br

WhatsApp

(19) 9 8282-2651

Departamento Comercial

comercial@horacampinas.com.br

Noticiário nacional e internacional fornecido pela Agência Brasil, Lusa News e ONU News

  • ANUNCIE
  • WHATSAPP

Hora Campinas © 2021 - Todos os Direitos Reservados - Desenvolvido por Farnesi Digital.

Sem Resultados
Ver todos os resultados
  • ÚLTIMAS
  • CIDADE E REGIÃO
  • COLUNISTAS
  • ARTE E LAZER
  • OPINIÃO
  • ESPORTES
  • EDUCAÇÃO
  • GERAL
  • INTERNACIONAL
  • MEMÓRIA

Hora Campinas © 2021 - Todos os Direitos Reservados - Desenvolvido por Farnesi Digital.

Welcome Back!

Login to your account below

Forgotten Password?

Retrieve your password

Please enter your username or email address to reset your password.

Log In

Add New Playlist