A retomada das atividades econômicas por conta do abrandamento da pandemia começa a apresentar os primeiros sinais de recuperação para o setor de bares e restaurantes, mas ao menos um terço dos estabelecimentos ainda trabalha com prejuízo. Esse é o resultado de uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em agosto e divulgada nesta quinta-feira (2).
Pesquisa ouviu 1.272 estabelecimentos em todo o País e concluiu que 29% das empresas tiveram lucro e 34% trabalharam em estabilidade
Os dados – obtidos pela entidade depois de consulta a 1.272 estabelecimentos em todo o País – mostraram que 29% das empresas tiveram lucro e 34% trabalharam em estabilidade.
Mostram também que o índice de empresas trabalhando no prejuízo caiu de 54% em junho, para 37% em julho. Em abril esse índice chegou a 77%.
“O indicador ainda é alto, estamos falando de mais de um terço das empresas ainda sem conseguir se restabelecer, mas mostra que aos poucos a retomada está acontecendo, junto com a flexibilização por parte dos estados e municípios”, diz presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci.
“E, mais importante ainda, a confiança dos clientes em frequentar os bares e restaurantes também está voltando”, acredita ele.
O setor comemorou um oitro índice identificado na pesquisa. Houve diminuição no número de empresas que disseram não ter conseguido honrar integralmente os salários de seus funcionários. Foram apenas 16% em agosto, contra 27% em julho – número que alcançou 91% em abril.
Também caiu o número de empresas que apontaram estar com dívidas em atraso: foram 54% neste último levantamento, contra 64% em julho e 77% em maio.
Apesar da melhora, o índice ainda preocupa, pois representa que mais da metade das empresas não consegue ainda cumprir de modo integral os compromissos com impostos, aluguel, água/luz/gás e fornecedores, avalia a entidade.
“De modo especial, ficamos preocupados com o grande número de empresas do setor que está no Simples Nacional (segundo a pesquisa, são 86%) e não consegue pagar o imposto – 53%, mais da metade. O empresário tem medo de sair do regime fiscal diferenciado caso não consiga honrar esse compromisso. Por isso é muito importante que as empresas tenham um respiro, uma renegociação de dívidas como essa”, afirma Solmucci.
Repasse no preço
Outra preocupação, segundo o presidente da Abrasel, é com a alta no custo dos insumos. A pesquisa apontou que 83% dos empresários têm a percepção de que alimentos e bebidas subiram mais de 10% no primeiro semestre, embora o IPCA tenha fechado em 3,77% no período.
Maioria tem percepção de que o preço de alimentos e bebidas subiu mais a inflação
Além disso, 84% disseram acreditar em novas altas até o fim do ano.
Os reajustes estão sendo repassado aos cardápios, mas não de maneira integral – 64% disseram ter aumentado os valores dos pratos no primeiro semestre. Mas, destes, quase metade (44%) disseram ter aumentado os preços entre 5% e 10%.
“Ainda que a inflação alta tenha tido impacto nos preços, o repasse para o cardápio foi menor, pois o setor teve um ganho de produtividade significativo na pandemia, o que ajudou a absorver parte dos custos”, finaliza o dirigente.