A Câmara Municipal de Campinas rejeitou na noite de quarta-feira o pedido de instauração de uma Comissão Processante (CP) para investigar o prefeito Dário Saadi por eventual omissão nas mortes por quedas de árvores na cidade. A votação aconteceu na primeira sessão do ano, que marcou a volta das reuniões no prédio da Avenida da Saudade. O espaço passou por reformas e foi parcialmente liberado. No ano passado, os trabalhos do Legislativo campineiro aconteceram no Teatro Bento Quirino.
O pedido da CP foi protocolado na Câmara pelo advogado Claudio Nava, para quem Dário cometeu omissão e infração político-administrativa nas mortes do técnico em eletrônica Guilherme da Silva de Oliveira Santos no dia 28 de dezembro e da menina Isabela Tiburcio em 24 de janeiro. Por unanimidade, os 32 parlamentares presentes votaram pelo arquivamento da solicitação. O instrumento poderia levar à cassação do mandato do chefe do Executivo.
Na Tribuna
Os estragos provocados pelas chuvas e as quedas de árvores na cidade foram os principais temas dos debates dos vereadores na Tribuna. O vereador Otto Alejandro (PL) enfatizou a lentidão da Prefeitura na aplicação de vistorias e podas e sugeriu a descentralização do serviço. “É necessário colocar uma equipe em cada região da cidade, com o apoio das subprefeituras”, indicou.
Marcelo Silva (PSD) destacou o seu projeto de lei que obriga a Prefeitura a disponibilizar ambulância e Corpo de Bombeiros em praças com grande circulação. Já Guida Calixto (PT) criticou a falta de manutenção em áreas de risco na periferia e a ação de construtoras em empreendimentos na região central.
“É uma tragédia anunciada. Precisamos chamar o secretário (Ernesto) Paulella (da secretaria de Serviços Público) para que a situação seja esclarecida. O que não podemos mais é ficar com pânico de ter árvore.”
Tensão
Um momento de tensão da sessão aconteceu quando Jorge Schneider (PL) foi à tribuna. O vereador parabenizou os colegas da Casa que assinaram a favor da criação de uma Frente Parlamentar contra o Aborto e foi vaiado pelo bom público presente no plenário. “Vocês são mal-educados e estão aqui se manifestando porque as mães de vocês não eram abortivas”, disse o vereador.
Jorge Schneider conseguiu 13 assinaturas para emplacar a Frente Parlamentar com o objetivo de “promover a defesa da vida”.
A investida ocorreu após o governo Lula ter revogado a obrigatoriedade de o médico comunicar o aborto por estupro às autoridades policiais. Além disso, retirou o Brasil do Consenso de Genebra sobre Saúde da Mulher e Fortalecimento da Família.
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