Você conhece ou se reconhece em situações nas quais já precisou se segurar para não “derramar seque uma lágrima” dos seus olhos, olhos esses que necessitavam deixar que o choro fosse expresso?! Ou precisou “engolir” aquela palavra que veio da sua mente impedindo-a de ser verbalizada para evitar maiores danos?! Essas duas posturas que citei são exemplos básicos, dentre tantos outros que ocorrem em nosso cotidiano e que, sutilmente “de gota em gota, fazem com que o copo transborde”. Posso contar com sua companhia nesse artigo para que juntos possamos compreender um pouco mais dos impactos que nossa mente pode ter para com nossa saúde física e emocional? Ótimo, então vamos à ela.
Primeiramente creio que faz-se necessário expor que já passei por esse processo de prejuízo e impacto negativo emocional antes de me tornar psicanalista e filósofo, atendendo e ouvindo casos semelhantes ao meu. Eu sempre fui muito tímido em minha infância e adolescência, sofri uma humilhação em sala de aula cometida por uma professora (que por ironia do destino veio a dar aulas na mesma escola que eu, dez anos depois do ocorrido, obviamente ela não se lembrou de mim, nem do fato, mas é aquele velho ditado: “quem bate esquece, quem apanha não!”).
Tal fato em sala de aula fez me tornar um rapaz ainda mais tímido, introspectivo, engolindo deboches, zombarias, assistindo maus comportamentos e injustiças tanto comigo, bem como para as pessoas que estavam ao meu redor.
O impacto de não ter sentimentos que remetam a comportamentos como o de coragem, ousadia, liderança são enormes e sofri com o fato de não poder exercê-los mesmo estando ciente de que deveria… Ver aquilo tudo de mal acontecendo e eu não conseguir fazer nada, me fazia me sentir um impotente, pois eu fisicamente não estava com as mãos amarradas, mas emocionalmente elas estavam!
Aqui entra a psicanálise, foi partindo dela que o ‘jogo da minha vida virou’, foi entendendo que traumas vivenciados são armazenados em nosso inconsciente por puro instinto de sobrevivência do EU (EGO) com a melhor das intenções em não nos fazer sofrer, é aí que as pessoas se queixam que doe acessar determinada lembrança, que podemos chamar de trauma.
Quer alguns exemplos? Então vamos à alguns: Não falo em público, tenho medo, pois já fui humilhado uma vez, não dirijo, pois presenciei um acidente de carro na infância com vítimas, não me posiciono contra algo de errado, pois sofri com ameaças na adolescência, não dou conta de viver o presente, pois fui muito pressionado a ser sonhador, não me contento com o mediano, pois sempre fui excessivamente cobrado em minha infância, não sei absorver elogios, pois só recebi críticas em minha infância…
Dentre tantos outros traumas que foram criados, geralmente (nem sempre) na infância e que são guardados em nosso inconsciente para que não necessitemos acessá-los diariamente, mas eles acabam que por moldar nosso comportamento social, nos privando de muitas atitudes maduras.
Uma lágrima não chorada, uma palavra não dita, podem acometer toda uma vida e esse trabalho faz-se fundamental ao ser humano. Repito: atendo vários casos como os que citei anteriormente em meus pacientes da psicanálise (muitos relutaram em investir tempo e dinheiro em si, a pessoa mais importante da vida, geralmente existe um preconceito de que buscar por uma terapia é sinônimo de ser “louco”).
Precisamos chegar ao seguinte ponto: lembrar sem doer!
É essa a reflexão que gostaria de deixar à você que até aqui me acompanhou nessa leitura. Você tem memórias/ traumas que lhe incomodam só de eu lhe pedir para se lembrar agora? Se sim, saiba que eles podem de um jeito ou de outro, estarem lhe limitando em suas atividades e consequentemente em seus resultados profissionais e/ ou pessoais.
Eu não tenho respostas, apenas faço como o grande filósofo Sócrates que desenvolveu o método da parteira, que é o uso de perguntas fazendo com que a própria pessoa, o próprio paciente dê a luz a uma nova interpretação da lembrança, fazendo dela uma oportunidade de aprendizado e de amadurecimento, é lembrar sem doer, é lembrar com orgulho, controle e superação. Grande abraço.
Thiago Pontes é Filósofo e Neurolinguísta (PNL) – Instagram @institutopontes_oficial