O que você entende como sendo uma pessoa perfeita? quais as suas características? Quais as características de uma pessoa imperfeita? Como mudar de um estágio para o outro?
Até que ponto essa transição é saudável? Pois bem, é em torno dessa pauta que iremos refletir juntos. Posso contar com sua companhia nessa jornada reflexiva que dá base ao chamado teatro da vida e seus bastidores? Então vamos à reflexão?
Há um grande nome da filosofia chamado Platão, este criou a Teoria das Ideias, de um mundo perfeito atingido pela razão, mundo esse que não é conhecido e vivenciado pelas sensações, esse mundo é perfeito, com coisas essencialmente perfeitas, imateriais, que norteiam a nossas vidas de pobres mortais. Tal ideia foi criada no século V a. C e se faz presente até hoje quando dizemos: “Tive uma ideia!”.
Já parou para pensar que essa frase esconde por detrás dela uma ideia perfeita? Uma ideia na qual não há espaço para falhas, erros, desconfortos, equívocos… Você já teve a ideia de ir para a praia em algum momento se divertir? Provavelmente na sua genial ideia de convidar amigos, fazer churrasco na praia não passou pela sua cabeça algum possível acidente de carro, problemas com diarreia, vômitos, chuva… Não é mesmo?! As ideias e seus conteúdos são sempre perfeitos.
Tendo exposto filosofia, vamos de psicanálise, na qual o fundador, grande neurologista Freud expôs que a postura de uma pessoa perfeccionista pode surgir como uma resposta para ocultar sentimentos de inadequação e insegurança, tornando-se uma máscara protetora para enfrentar ansiedades subjacentes no teatro da vida, já para Winnicott, outro renomado psicanalista, o conceito de perfeccionismo está associado ao conceito de “falso self”.
Segundo Winnicott, quando a criança não recebe o cuidado suficientemente bom, ela pode desenvolver uma persona “perfeita” para agradar os outros e proteger-se das frustrações e desapontamentos. Esse falso self, baseado em expectativas externas e não em genuínas necessidades internas, pode levar ao estabelecimento de altos padrões inalcançáveis e à constante busca por validação externa.
Para Jung, em sua teoria dos arquétipos, há a necessidade de um equilíbrio (como sugeriu o filósofo Aristóteles com sua teoria do “justo meio” / “justa medida”), quando o Self não está em equilíbrio, há consequências comportamentais e mentais tais como o comportamento do perfeccionista o que pode gerar depressão e ansiedade por “querer ser”, por buscar insaciavelmente a perfeição em alguma área da sua vida.
Você se considera uma pessoa perfeccionista? Acredita que tal postura seja saudável e venha a atrair pessoas em seu círculo social? Uma pessoa perfeccionista vem a somar em um ambiente na qual ela está inserida, tal como apontar melhorias na vida pessoal e profissional? Ela pode desenvolver síndrome de Burnout pelo excesso de trabalho que realiza buscando a perfeição e o reconhecimento de tal feito? E esse suposto reconhecimento, tem um limite, ou gira em torno de uma ambição inesgotável?
Um carro precisa de combustível para se locomover e seguir viagem, a partir disso seria pertinente e didático parar para pensarmos que uma pessoa que não descansa (que não aproveita o momento como defendiam os Estoicos e sua filosofia de vida pelos “prazeres puros” atingindo assim uma vida boa através da virtude) alcance a felicidade, alcance a vida perfeita e seja feliz no final dessa jornada existencial?
O que para você minha querida leitora, meu caro leitor, seria uma vida perfeita? Status, fama, dinheiro, elogios, bens materiais? Ou saúde e paz de espírito?
Eu particularmente não tenho uma resposta engessada, ela oscila diariamente e não compete a mim querer lhe ensinar a receita da vida boa, na qual, através da postura de uma pessoa perfeccionista, possa vir a ser alcançada. A ideia aqui é instigar você a refletir sobre tal tema: se considera uma pessoa perfeccionista? Conhece alguém com tal comportamento?
Estaria um comportamento perfeccionista sendo reflexo de uma baixa autoestima? Precisando de reconhecimento, necessitando controlar tudo? Talvez até com uma “pitada de narcisismo”, uma vez que é através da ideia perfeita é que as coisas e pessoas devem girar? Nesse teatro da vida, o que haveria nos bastidores de uma pessoa perfeccionista? Um vazio, uma necessidade de aplauso, ser notada, ser útil…?
São tantos os adjetivos e possibilidades na hora de interpretarmos que ficaríamos aqui por horas, quiçá dias sem entender, e talvez meses frente a frente entre tal pessoa e um terapeuta para que haja a identificação da essência de tal ato. Um grande abraço.
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL) – Instagram @institutopontes_oficial