Ao contrário das donzelas frágeis do passado, a literatura moderna aposta em princesas empoderadas, fortes e corajosas que montam em seus cavalos, lutam contra bruxas e salvam príncipes, já que eles também precisam de ajuda.
Escritoras e ilustradoras recriaram as histórias de Ariel, Bela Adormecida, Rapunzel e Cinderela, com o objetivo de inspirar crianças a serem as heroínas de suas vidas.
O projeto é um dos vários desenvolvidos pela Plan International Brasil, organização humanitária e de desenvolvimento não governamental e sem fins lucrativos, no Brasil desde 1997. Mais abaixo eu falo também do incrível trabalho que a Ong desenvolve com meninas que precisam de apoio durante a pandemia do coronavírus.
A coleção A Revolução das Princesas, lançada há três anos e até agora em evidência, foi realizada em parceria com a agência Young & Rubicam, sendo que a renda obtida com a venda dos livros é totalmente revertida para o projeto Escola de Liderança Para Meninas, que acontece no Maranhão, no Piauí e em São Paulo.
Os livros destacam jovens decididas e corajosas que salvam príncipes, ficam contentes quando são convidadas para ir ao baile pelo simples fato de gostarem de dançar, e não para conquistar o coração do príncipe, se bem que isso também pode acontecer. A escolha é delas, como deixa claro a diretora executiva da Ong no Brasil, Cynthia Betti.
Em relação ao projeto das princesas, segundos as organizadoras, o importante é que as meninas comecem a construir esse repertório para uma atuação mais expressiva no futuro e percebam que lugar de menina é em qualquer lugar, seja nos grêmios estudantis, na política ou na presidência.
A escritora Sebastiana Hoyer escolheu A Bela Adormecida, uma princesa independente que tem opinião própria e é dona de si. “É um conto de fadas invertido”, define. Já a ilustradora Lorena de Paula conta que sua Ariel salva o príncipe de um afogamento.
Fiquei encantada com as princesas modernas. Cai por terra essa história de que príncipes são sempre os heróis e princesas são frágeis.
É o momento certo para atualizar essas histórias que pararam no tempo, trazendo uma perspectiva mais inclusiva para meninas e meninos. Um viva aos empoderadinhos!
Os livros custam R$ 35 cada, sendo que a coleção sai por R$ 120,00. Mais informações no site www.arevolucaodasprincesas.com.br
Em tempos de Covid-19
A Plan International Brasil acaba de lançar o Aprender e proteger, projeto que pretende empoderar meninas e mulheres para que elas desenvolvam ferramentas para se protegerem de situações de violência em tempos de pandemia.
O impacto da Covid-19 se alastrou por todos os setores da sociedade no último ano. O isolamento social e o cancelamento das aulas presenciais provocaram maior exposição das meninas e mulheres à violência dentro de casa.
Pesquisas mostram que casos de violência sexual são perpetrados principalmente por alguém próximo à vítima, muitas vezes vivendo na mesma casa. O ambiente doméstico é, portanto, um local de grande insegurança para muitas meninas e mulheres. Ao restringir a vida da maioria das pessoas ao seu próprio lar, a pandemia elevou o risco de ocorrência desse tipo de violência.
O projeto, que vai se concentrar em São Paulo, também buscará estimular a permanência das meninas na escola, evitando que elas se envolvam em trabalho infantil e outras situações de risco. “O foco é fortalecer a educação como um ambiente de proteção que vai estimular a autonomia e emancipação dessas meninas”, diz Mariana Cursino Cruz, facilitadora de projetos da Ong.
Para combater a evasão escolar entre meninas, o projeto contará com diferentes estratégias: oferecerá mentoria às meninas, com bolsa-auxílio, além de um apoio direto às famílias, fornecendo vale-alimentação no valor de R$680, e organizando encontros de sensibilização sobre o direito à educação e à proteção contra a violência baseada em gênero.
Esse projeto é mesmo de tirar o chapéu. Bom saber que tem muita gente competente e generosa de olho no que precisa ser visto e modificado nesse País tão desigual.
Janete Trevisani é jornalista – [email protected]