Ao ler o título você poderia me perguntar com ar de indignação: “Mas Thiago, doença não cura nada nem ninguém… É o inverso rapaz: o objetivo é curar as doenças!”. Se você pensou tal como a frase anterior eu concordo com você, mas se você quiser entender o meu ponto de vista, digo-lhe que irei adorar a sua companhia enquanto lhe explico, já que todo ponto de vista é apenas a vista de um ponto.
Afinal, quem sou pra lhe ensinar algo?! Sou apenas mais um na fila do pão. Ou da caixa.Trocadilhos à parte, vamos refletir juntos sobre esse tema provocante.
A medicina tem como pai o famoso filósofo grego Hipócrates. Ele foi o responsável, em V a.C, por dar independência e autonomia à ciência médica separando os problemas de saúde das explicações supersticiosas e míticas. Nessa separação usou do viés racional, ético e filosófico criando assim o famoso “Juramento de Hipócrates” que até hoje as grandes universidades zelam para que seja executado pelos novos médicos no ato da formatura.
Segue um trecho que particularmente achei bem interessante: “Aplicarei meu conhecimento para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei nem remédio mortal e nenhum conselho que induza à perdas… Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão…”.
O que mais me intriga é que um juramento criado a V a.C ainda vive, é um juramento honesto, sincero, ético, digno de respeito e com viés filosófico como bem lembra outro filósofo chamado Epicuro, segundo ele: “Vã é a palavra do filósofo que não cura o sofrimento alheio, pois assim como nada se ganha na medicina quando ela não expulsa as doenças do corpo, nada se ganha na filosofia quando ela não expulsa o sofrimento da mente!”.
É de tradição antiga que filosofia e medicina caminhem juntas, de mãos dadas, bem sabemos que a medicina busca a cura de doenças, mas e o inverso? Como entender a pergunta do título que lhe propus: quais as curas que as doenças já lhe proporcionaram? Por acaso doenças curam alguém? “Que conversa de maluco é essa Thiago?”.
Lembre-se que filósofos são popularmente conhecidos como loucos, doidos, malucos. Então está tudo sob controle. Pense você numa doença tida como perigosa, quiçá mortal; se assim for, naturalmente nos apressamos em recorrer à medicina e quando ela não nos dá esperança alguma nos apressamos novamente, mas agora em culpar tudo e todos, sejamos nós o paciente desacreditado ou alguém de nossa família.
A partir dessa nossa reflexão eu lhe pergunto: quais as curas que a doença lhe traz? Repito: seja você o paciente doente ou seja você aquele familiar que acompanha de perto alguém que assim esteja. O que ela lhe ensina? Como ela lhe modifica para melhor?
Reflita sem pressa, saiba conviver com a pergunta, talvez a cura esteja escondida nela e não na resposta pronta… Um grande abraço.
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL)