Neste momento de excesso de informações, muitas delas contraditórias e complexas, precisamos ouvir os jovens com mais atenção. Cabe aos pais, educadores e responsáveis responder às questões importantes para a formação desses jovens e, para isso, é preciso escutar suas perguntas.
As relações intergeracionais, que antes ocorriam naturalmente nos encontros de família, entre netos, avós, bisavós e tios, são essenciais para entendermos as novas formas de ver o mundo, os novos comportamentos e valores sociais. Essa troca de experiências pode ajudar a pontuar erros e acertos, proporcionando um aprendizado de grande valor para todos.
Ao conversarmos aberta e diretamente com os jovens sobre suas experiências, é possível revelar um profundo desejo de construir relacionamentos ricos e prazerosos, desde que não sejamos negativos ou opressivos. Quanto maior clareza e extensão, melhor. Muitos pais dizem que seus filhos são “rebeldes” e simplesmente não dão ouvidos ao que eles têm a dizer. É preciso estar aberto para escutar histórias “boas ou ruins” sem fazer cara feia ou se ancorar em pré-julgamentos.
Assim, quando os meninos ou meninas dizem: “eu não me importo” ou “não sou emocional”, não devemos considerar isso como uma expressão genuína de como eles se sentem, mas como o reflexo de uma cultura que não permite espaço para sentimentos. Um controle emocional forjado, tanto em meninos quanto em meninas, pode esconder muita vulnerabilidade, funcionando como uma máscara social de defesa.
Ouvir com carinho e verdadeiramente, dando tempo para a fala do outro, pode ser difícil, mas é a única forma de ajudar de verdade um adolescente ou jovem em momentos de desequilíbrio emocional, ainda mais em um momento como o que vivemos que podem ser bem perturbadores. Nossos jovens precisam de um espaço seguro para expressar seus sentimentos e serem compreendidos.
Demonstrar empatia, fazer perguntas abertas e se mostrar presente pode ajudar a criar um ambiente onde eles se sintam à vontade para compartilhar suas preocupações.
Além disso, validar suas emoções, oferecer amor incondicional pode fortalecer a relação e proporcionar a segurança emocional que eles precisam para enfrentar os desafios deste mundo cada vez mais complexo e contraditório. O resultado desta escuta ativa entre diferentes gerações é que todos nós crescemos.
Luis Norberto Pascoal é empresário e presidente da Fundação Educar