Recordo-me de ter cursado dois anos de graduação em Administração na época em que eu era bancário, antes de optar em seguir na minha carreira atual de professor na área de Filosofia. O mais interessante é que lá na faculdade eu aprendi conceitos básicos de Administração voltados ao ambiente corporativo, mas não aprendi a administrar minhas emoções, minhas tristezas, angústias, aflições e decepções… Não aprendi a gerenciar meus sentimentos e nem a dar um significado útil aos eventos que eu vivenciava e registrava em minha mente.
Interessante, não acha?! Com a bendita graduação eu poderia ser um gerente de uma grande empresa multinacional, mas não teria aprendido a ser gerente da mais importante empresa que existe: o EU, a Thiago Pontes. Isso vale para você também.
Feita esta introdução provocante, típica da Filosofia, gostaria que você querido (a) leitor (a) pudesse me acompanhar e refletir junto a mim sobre a principal campanha do mês no qual estamos vivenciando: Setembro Amarelo, dedicado à prevenção contra o suicídio. Peço que me acompanhe, por favor, pois tal ideia pode estar mais perto de você do que você possa imaginar. Cogitar o ato suicida é algo heroico e ao mesmo tempo desesperador.
Heroico, pois há de se ter muita ousadia e coragem para abandonar as pessoas que se ama e desesperador porque no fundo o suicida não quer tirar a própria vida, mas sim se livrar de alguma dor física e principalmente emocional que muito lhe atormenta, lhe angustia, que está lhe privando da paz e tirando seu sono.
Ao contrário do que muitos pensam o suicida, ou seja, a pessoa que cogita tirar a própria vida, NÃO demonstra claramente que pensa nisso. Os sinais estão nas ‘entre linhas’, muitas vezes tal pessoa sorri e faz os outros sorrirem. Quer um exemplo? Basta se lembrar do famoso ator Robin Williams, com seus vários personagens cômicos, estrelou o famoso filme “Uma baba quase perfeita” de 1993 e “Patch Adams – O amor é contagioso” de 1998. Ele é apenas uma referência dentre os inúmeros casos que existem e que podem existir próximos a nós.
Se você me permitir algumas dicas de como agir para minimizar tais pensamentos suicidas de pessoas próximas a você, eu sugiro que você: se habitue a ouvir mais, dê mais atenção sem julgar, criticar, sem fazer comparações, deixe a TV e o celular de lado e elogie mais, nos pequenos detalhes… Não custa nada!
Preocupe-se de verdade, faça perguntas quando estiver a sós para não expor a pessoa, convide-a a interagir evitando que ela se isole com freqüência, preste atenção no que ela diz, e principalmente no que não é dito.
Agora se você é a pessoa que cogita tirar a própria vida, sugiro que você duvide disso, que critique tal decisão, pensando na dor que isso acarretará nos seus entes queridos. Convido você a pensar na oportunidade que isso lhe trás, de crescimento pessoal, de amadurecimento, a controlar o seu Diálogo Interno, aquela voz sua que tende sempre a ser pessimista e lhe dizer que nada mais tem solução!
Escolha enxergar por outro ângulo o que você vivencia. O que você aprende com isso? Busque os detalhes e a beleza neles escondidos. Pensando nos Níveis Neurológicos da PNL: pense nos ambientes que você precisa parar de frequentar que nada lhe agregam e nos quais você poderia passar a ir; pense os comportamentos que você poderia deixar de ter e quais você poderia começar a praticar; pense nas habilidades que você poderia aprender para sair desse estado depressivo; pense nas suas crenças, critique aquelas pessimistas e passe a cultivar as otimistas; reflita quem de fato é você, como você se enxerga e veja o quão forte és. “Mar calmo nunca fez bons marinhos”.
Busque ajuda com psicólogos, com psiquiatras, livre-se dos preconceitos: se preciso for tome os remédios ‘tarja preta’ receitados, cuide de si e deixe-se cuidar.
Na falta de alguém para desabafar ligue 188. Lá você pode conversar com um voluntário do CVV. Eles atendem todo o território nacional, 24 horas todos os dias, de forma gratuita. Não desista; se dê uma nova chance! Busque a si, ressignifique sua história. Escolha pela Vida. Faça um lindo dia, grande abraço.
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL)