Você já ouviu falar no Espaço Rosalina? Idealizado na Vila São Bento, em Campinas, nasceu para empoderar mulheres que enfrentam desafios significativos, oferecendo suporte psicossocial, educação emocional, e capacitação econômica. O local busca promover uma mudança social positiva e construir uma comunidade acolhedora e inclusiva para todas.
Foram as irmãs Mariana e Ithyara e a prima Cristiana que transformaram a casa da avó Rosalina que faleceu em 2017, primeiro em um coworking, e, durante a pandemia, passaram a oferecer gratuitamente aulas de reforço escolar. Com o tempo, elas descobriram que precisavam ir além e passaram a focar especificamente em mulheres.
Na lista entram mulheres negras, mulheres empreendedoras, mulheres estrangeiras, mulheres periféricas, mulheres mães (também com foco na maternidade solo) e famílias. “Eu cresci vendo a força, a garra da minha vó Rosalina. Para mim, o Espaço Rosalina é uma forma de homenageá-la, mostrando toda a potência de outras mulheres”, diz.
O movimento Rosalina desenvolve um trabalho itinerante em várias comunidades de Campinas. “Estamos mais atuantes na região do Campo Grande promovendo diversas iniciativas voltadas para capacitar mulheres empreendedoras por meio de oficinas, workshops, rodas de acolhimento. Além disso, organizamos feiras mensais com alguns parceiros”, conta Mariana.
Boa parte dos cursos são gratuitos, mas alguns tem preço simbólico entre R$ 10 e R$ 20. Para capacitar ainda mais as mulheres, hoje o Espaço Rosalina fará um workshop de Comunicação nas Redes Sociais e o investimento será de R$ 10.
Gerando impacto na comunidade e no Brasil
No ano passado, Mariana foi vencedora do Rainha Pérola Negra na categoria Desenvolvimento Comunitário, em Campinas.
“Ao destacar os trabalhos sociais das mulheres negras inspiramos outras mulheres a seguirem os seus passos e a acreditarem em seu potencial para a criação de mudanças positivas em suas próprias comunidades. Isso promove o empoderamento, incentivando mais mulheres a se envolverem em atividades sociais e a se tornarem agentes de transformação”, explicou.
Mariana contou que este reconhecimento ajuda a mostrar que as mulheres negras são líderes, inovadoras e agentes de mudança em seus próprios direitos, e não apenas receptoras de assistência ou vítimas de injustiça.
“Celebrar os trabalhos sociais das mulheres negras é fundamental para promover a igualdade, o empoderamento e o reconhecimento de suas contribuições para a construção de um mundo melhor para todos”, destacou.
Mariana também foi nomeada Rainha do Futuro 2024 pelo Instituto Rainhas e, na próxima terça-feira, 30 de abril, embarca para Salvador, na Bahia, para receber mais um prêmio que também é dedicado a vó Rosalina.
Atualmente o Espaço Rosalina conta com a força de 10 mulheres: Mariana Nunes, Karla Alexandra, Érika Oliveira, Dayane Gomes, Luana Nunes, Cristiana Nunes, Luana Norberto, Jaqueline Camargo, Maria Eugênia e Luiza Vilas Boas.
Kátia Camargo é jornalista e lembrou de um trecho do poema de Conceição Evaristo:
Eu-mulher
Eu-mulher em rios vermelhos
inauguro a vida.
Em baixa voz
violento os tímpanos do mundo.
Antevejo.
Antecipo.
Antes-vivo
Antes – agora – o que há de vir.
Eu fêmea-matriz.
Eu força-motriz.
Eu-mulher
abrigo da semente
moto-contínuo
do mundo.