Uma marca do nosso tempo é a fugacidade e a fragilidade dos relacionamentos conjugais. Isso não se constata apenas no rompimento do casamento, mas principalmente na cada vez mais frequente ausência dele. É um unir-se e separar-se, construir e desfazer que se sucedem nas vidas das pessoas num ritmo cada vez mais acentuado.
Ao analisarmos esse fenômeno, penso que antes de nos perguntarmos o porquê, deveríamos fazer uma indagação mais interessante: isso tem contribuído para a felicidade das pessoas?
A essa indagação, penso que muito cedo se levantará a objeção de que felicidade é uma ideia muito vaga ou, pior ainda, um ideal inatingível. Será?
As estatísticas mostram que o divórcio está entre os piores traumas que se pode causar na vida das pessoas. Talvez por isso, muitos fogem do casamento, com o mesmo afinco com que fogem do sofrimento. Mas para onde conduzirá uma opção de vida na qual o objetivo é simplesmente não sofrer?
O casamento traz consigo o compromisso de nos unirmos a outra pessoa de uma maneira perene. Com efeito, ninguém se casa com prazo determinado. Mas como podemos nos comprometer assim, se não sabemos como seremos daqui a cinco, dez ou cinquenta anos? Mais ainda, se não temos ideia em que se transformará a pessoa com quem nos casamos com o passar do tempo?
É precisamente por isso que o amor exige compromisso, mas traz também um risco.
Se eu me disponho a me doar completa e incondicionalmente a outra pessoa, preciso que haja a reciprocidade de fazer essa entrega a alguém que se compromete a fazer o mesmo por mim. Mas sempre haverá a possibilidade de faltar essa correspondência.
Mas dizer que é um risco não significa que não há nada a fazer para que esse empreendimento perdure, tenha êxito e, principalmente, traga a tão sonhada felicidade aos cônjuges. É que o compromisso que se assume não é algo teórico e abstrato. Traduz-se em gestos concretos no dia a dia, desde o esforço para dizer coisas amáveis, procurar fazer o que agrada ao outro e demonstrar o afeto nas pequenas coisas.
Talvez essas palavras soem como duras para quem já passou pelo amargo rompimento de um relacionamento. Mas não o são de verdade. Eles e elas saibam o quanto isso os afetou e, por consequência, trazem na alma um profundo anseio de construir a sua felicidade sobre algo mais sólido, ainda que não saibam exatamente como fazê-lo. Ou talvez duvidem até de que isso seja possível…
Mas é possível! A felicidade é a marca de quem caminha para o AMOR. E a sua expressão mais sublime se traduz no querer o bem do outro.
O casamento é uma escolha. Dentre as bilhões de outras pessoas que povoam o planeta, eu escolhi você! – podemos dizer a cada novo dia para a nossa esposa ou ao nosso marido. Isso muda a maneira como encaramos o relacionamento. Isso suscita o afinco e a determinação com que iremos buscar – dia após dia – a felicidade.
Fábio Henrique Prado de Toledo, casado com a Andréa Toledo, pai de 11 filhos e avô de 2 netas. Moderador em cursos de orientação familiar do Instituto Brasileiro da Família – IBF. Especialista em Matrimônio e Educação Familiar pela Universitat Internacional de Catalunya – UIC, é Juiz de Direito em Campinas. Site: www.familiaeeducação.com.br. E-mail: [email protected]