Resolvi dedicar à coluna de hoje a um tema que acho de enorme importância e relevância: a Família. Tal tema foi sugestão de uma grande amiga e colega de profissão, uma professora de Língua Portuguesa. Gostaria aqui de enfatizar o que percebo estar faltando nas Famílias: a virtude da “Atenção”! Aproveitei o tema deste texto e me permiti fazer um trocadilho provocativo, típico da Filosofia, disciplina na qual possuo formação e sou apaixonado.
Será que vivemos em uma Família unida, que dedica-se a distribuir atenção entre seus membros, ou convivemos quase que forçados com pessoas que não escolhemos conviver e que por conta disso, dessa falta de empatia, não damos a menor atenção ou importância vivendo assim tal como numa Ilha?!
Veja bem, por vezes nos pegamos dividindo um mesmo ambiente, entre quatro paredes, cada um estando em um canto, em um cômodo, ou até mesmo todos juntos num só, mas focados em seu mundo particular e/ou hipnotizados pela tela do celular”. Lhe incomoda ler isso? Lhe faz refletir? Você ousaria ter a coragem de se reconhecer nesse estado? A ideia das provocações filosóficas é justamente esta: levar à reflexão e posterior mudança, para com elas gerar novos e melhores resultados!
Reforço que, tudo o que aqui escrevo faz parte do que vejo e vivencio, sou humano e não estou imune a nada! Quantas vezes me peguei ignorando minha mãe e meu pai, deixando-os de lado, sem lhes dar a devida atenção, trocava-os para ficar no celular vendo besteiras que nada iriam me agregar, já perdi as contas disso.
O inverso também ocorre (não aqui em casa, pois meus pais são “antigos” e nem celular com internet têm), mas na maioria dos lares os pais também deixam de dedicar atenção aos filhos por estarem focados em conteúdos digitais. O pior de tudo é quando todos trocam a boa conversa, o sorriso, o desabafo, o choro ou qualquer emoção humana, por concentração 100% digital e não se dão conta de que a família se tornou uma “fami-ilha”: onde cada um fica na sua ilha, no seu ambiente, no seu cômodo, no seu Universo particular.
Isso é triste de se perceber e de se constatar, é delicado quando, a partir de tais reflexões chegamos em consequências como o suicídio, por exemplo, pois a maioria dos que cometem tal ato, não expressam isso claramente, talvez deem sinais não verbais, como propõe estudos da PNL, a Programação Neurolinguística, mas se as pessoas do seu círculo social não tiverem a acuidade sensorial para enxergar tais sinais e ao invés disso estiverem em suas ilhas, tais detalhes e sinais jamais serão percebidos, sinais estes preciosos que poderiam evitar o ato de se tirar a própria vida.
Quem sabe a partir da leitura desse texto, você querido leitor, querida leitora, não pare para refletir e pensar em como você tem se dedicado aos seus familiares. Só de você parar para nisso prestar atenção meu trabalho como escritor já terá valido a pena.
“Nem só de pão vive o homem…”, mas de atenção, de empatia, de compaixão de cumplicidade, nas mais diversas relações. Se me permite ir mais além: família não é só a de base genética, mas o conceito acolhe em si pessoas pelas quais temos enorme carinho. Afinal não é assim quando denominamos fulano como sendo “-um pai para mim!”, ou “você é a mãe que nunca tive!”, e aqueles amigos que dizem um ao outro: “Tu é um irmão para mim”!?.
Dedique-se mais às pessoas, não permita que o universo digital, as mídias sociais roubem um dos bem mais preciosos que temos que é a atenção no ambiente familiar. Explore tal relação e trabalhe tanto para evitar que sua família se torne uma “Fami-ilha”, como para que se ela já esteja nesse estágio ela possa, aos poucos, retornar a ser unida! Um grande abraço.
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL) – Instagram @institutopontes_oficial