Quando eu era criança, costumava pensar que a vida era fácil que nem nos filmes da sessão da tarde, mas não é bem assim. Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão será a doença mais comum do mundo em 2030. Na mesma linha de raciocínio, a OMS também destaca que a ansiedade e a depressão aumentaram cerca 25% durante a pandemia.
Mas o que isso tem a ver? Nos famosos anos 2000, embora a vida fosse complicada para todos, tenho a impressão de que as pessoas eram mais felizes e cultivavam amizades duradouras, nas quais compartilhavam os bons e maus momentos.
Recordo-me de brincar na rua o dia inteiro e só voltar quando minha mãe mandava eu entrar para almoçar, dormia ansiosa para o próximo dia chegar e eu poder brincar novamente. Infelizmente essa prática tem diminuído, as crianças já não brincam mais nas ruas como antigamente, devido principalmente à atração aos meios de comunicação digitais.
O que mudou? Recentemente, assisti um vídeo onde comparava o Réveillon em Nova Iorque, nos Estados Unidos, nos anos 2000 e 2024. No primeiro havia euforia total, com pessoas pulando e fazendo festa com os desconhecidos que, provavelmente, conheceram durante a festa, já no segundo, só havia celulares levantados para gravar a celebração.
E chegamos ao ponto problema, a depressão é uma doença que pode ter diversos fatores, como sedentarismo e fatores emocionais, um exemplo é a perda de um ente querido. Durante a pandemia vivemos isolados e como um ato de distração nos aproximamos mais das tecnologias, todos os dias íamos dormir sem saber se amanhã alguém partiria – ou até mesmo nós.
Muitos perderam parentes e amigos e não puderam nem fazer um funeral digno, especialmente se fosse por Covid-19, isso impactou imensamente toda a população. Foram dois anos difíceis, ninguém imaginava ficar assim. Particularmente, nunca achei que a doença chegaria ao Brasil, quando veio o lockdown (um confinamento obrigatório que restringia as pessoas a saírem de casa, a não ser por questões essenciais), achei que seria somente uma semana, até que as aulas começaram na forma remota e sem datas para voltar.
Acho que “aprendemos” a viver sozinhos, foi um ato de resistência, mas prejudicou nossas relações. Quando voltamos, eu não sabia como eram os rostos de alguns colegas da sala, pois todos estavam de máscara e não podiam tirar. Lembro-me que muitos, depois de já ser liberado, continuaram de máscara, porque não se sentiam confortáveis sem ela.
Outros não sabiam mais conversar, estudar e se comportar em público. Tivemos que reaprender a viver duas vezes, uma durante o isolamento e outra depois.
Sei que a vida não é um conto de fadas como nos filmes, mas ela pode ser boa se assim quisermos. Todos enfrentamos batalhas diariamente e cada um sabe da sua história, entretanto, compartilhar momentos também é um desafio importante. Precisamos das relações, isso também é sobre saúde.
Segundo Juliana Dias: “Não me procure só quando precisar de mim. Também pergunte se preciso de você, ou melhor, perceba”. Isso também é importante, as relações não são unilaterais, eu preciso de você e você precisa de mim, é tolice acreditar que pode viver sozinho para sempre.
Enfim, precisamos voltar a ter comunhão uns com os outros, perdoar e se abrir para novas oportunidades. Sei que doenças como a depressão não são causadas apenas pelo isolamento, esse é somente um dos fatores, contudo, partilhar a vida com os outros é um dos passos para a cura, além de evitar a doença também em alguns casos.
Por fim, “Vamos nos unir, um dia o mundo vai precisar de pessoas que verdadeiramente se importam umas com as outras, de pessoas que tem sentimentos verdadeiros para doar, pessoas necessitam a cada momento de um abraço. Chegou a hora de falar ‘não’ para a opinião dos outros e ‘sim’ para o que é certo, o mundo está vazio, vamos transbordá-lo?” – Victor Andrew.
Ludimila Rezende Santos, 19 anos, é de Goiânia, Goiás. Estudante de farmácia. A jovem fez Academia Educar on-line e segue monitora do projeto e até já replicou parte da metodologia da Educar em sua cidade.