Que sentido tem a Páscoa hoje e em todos os dias da sua vida? Convido o leitor a parar por uns instantes e, antes de prosseguir com a leitura, tentar responder para si a essa pergunta.
Foi exatamente o que fiz antes de redigir essas palavras. A primeira imagem que veio à mente ao pensar na Páscoa é o acontecimento que a antecede: Cristo pregado e morto na Cruz. E então – se meditarmos bem – as coisas podem começar a ganhar sentido. Ali se contempla sacrifício, doação, o bem que se faz sem esperar nada em troca, um amor que se oferece mesmo a quem não ama, mesmo sabendo que por muitos não será correspondido.
Ao contemplar um Deus que se doa sem medida nos leva a refletir sobre as nossas ações perante os demais.
O amor se manifesta muito especialmente na capacidade de se sacrificar pela pessoa amada. Sendo assim, como tem sido as nossas atitudes perante as nossas esposas e perante os nossos maridos? Sabemos fazer algo que nos custa? Ou, bem ao contrário, o mínimo que fazemos é esperando receber muito mais? Ou, pior ainda, sequer pensamos no que poderíamos fazer por ela ou por ele, e nos perdemos em exigências, cobranças e reclamações que contaminam o ambiente da família?
Na Cruz temos um Deus que se doa sem medida, sem esperar nada em troca.
Como são as nossas relações com os nossos parentes, amigos, colegas de trabalho? Sabemos ver nelas e neles seres humanos, com os seus sentimentos, as suas dores e a suas alegrias? Pensamos em fazer algo por essas pessoas sem esperar nada em troca? Se formos sinceros conosco mesmos, quanto encontraremos de interesses egoístas que movem as nossas relações. E que contraste disso com a atitude de Cristo…
Vemos ali um Homem que oferece o seu amor mesmo a quem sabe que não irá corresponder. Aliás, agiu cheio de afeto e compaixão, até o último instante, com aquele que o iria trair. E nós? Quantas vezes nos perdemos em lamentações do tipo: “tudo eu! Eu me mato por vocês e ninguém me reconhece, ninguém me valoriza” ou outras reclamações semelhantes que fazem pesado o ambiente em que nos movemos.
Mas o acontecimento que meditamos agora não termina na Cruz.
Ao sacrifício Santo seguiu-se um sábado de silêncio e expectativa, mais eis que no primeiro dia da semana, vem a notícia tão jubilosa que haveria de ressoar pelo mundo todo até o final dos tempos: Ressuscitou!!!
Sim. O Amor que é sacrifício, doação, que não espera correspondência e que é oferecido mesmo a quem não o corresponde não morre jamais. Renova-se, ressuscita glorioso e ninguém poderá arrancar essa alegria.
A Páscoa sempre será isso: passagem; da morte para a vida; da dor para o gozo; da tristeza para a alegria; do temporal para o eterno.
Vivemos num mundo assolado pela guerra, pela desorientação das pessoas, aprisionadas por falsas ideologias e por uma cultura que promove a morte, que desumaniza as relações e que fomenta uma paupérrima visão do ser humano, da sua dignidade, da sua missão e da sua vocação para o amor e para a eternidade. Mas esse cenário sombrio – que não é exclusividade do nosso tempo – não pode jamais nos levar ao desalento.
Cristo já venceu tudo isso. Se nos unirmos ao seu Amor, nós que aqui ainda peregrinamos pelo nosso calvário, já levaremos também no corpo na alma a alegria que emana dessa consoladora e jubilosa notícia: Ressuscitou!!!
Fábio Henrique Prado de Toledo, casado com a Andréa Toledo, pai de 11 filhos e avô de 2 netas. Moderador em cursos de orientação familiar do Instituto Brasileiro da Família – IBF. Especialista em Matrimônio e Educação Familiar pela Universitat Internacional de Catalunya – UIC, é Juiz de Direito. E-mail: [email protected]