Recentemente andei pensando que definitivamente a gente se acostuma. Há até um belíssimo texto da Marina Colasanti que foi interpretado pelo saudoso Abujamra sobre esse tema. O fato é que no momento em que nos acostumamos é como se parássemos de enxergar o que nos rodeia, é como se fechássemos os olhos para os detalhes que podem fazer total diferença em nossas vidas, modificando assim nossa rotina, nossa realidade “segura”.
Há sempre os que preferem não ‘achar pelo em ovo’; como diária minha avó, dona Angelina, estes preferem fingir que está tudo bem e é assim mesmo que a vida é e ponto final, mas há os rebeldes, desconfiados, aventureiros que não rejeitam uma boa oportunidade de explorar novos caminhos, ganhando experiência de vida e fugindo dos hábitos.
Talvez o hábito seja ambíguo, talvez ele seja a solução para uns, talvez ele seja uma verdadeira prisão para outros; o problema é quando não percebemos essa prisão que advém do costume, da rotina, do hábito. Um pouco de senso crítico não faz mal à ninguém.
Agora lhe pergunto: você já parou para pensar em como seria sua vida se ela não fosse tal como é hoje? Isso inclui seu círculo de amizade, os lugares onde frequenta, profissão… O que você se responderia? O que seria da sua vida se enfrentasse os seus medos; se ousasse fazer diferente e corresse em busca do que acredita? Quais os riscos dessa nova postura? O que perderia? O que ganharia?
Passei a me perguntar se o que realmente acredito é o certo, se é o verdadeiro?! Mas quando penso nisso consigo ir mais fundo e me questionar o que seria o certo, o que seria o verdadeiro? Qual seria a postura, o comportamento, o hábito, o costume que devesse ser vivenciado? Talvez a resposta seja singular e individual, talvez eu não possa responder por você, mas talvez eu possa lhe provocar; usar da arte da provocação, arte muito utilizada na Filosofia.
Aqui o alerta é única e exclusivamente para que você se permita observar o que geralmente não enxerga, dar atenção para coisas que geralmente não daria a menor importância, coisas, lugares, pessoas, sem pré-conceitos, mas sim com curiosidade, mas sim cogitando ir além, expandindo assim seu universo, ou se preferir, expandindo assim sua “bolha”.
Não quero aqui desestabilizar você e suas crenças, mesmo porque somos seres humanos com culturas diferentes, hábitos diferentes, valores diferentes, cada qual com suas prioridades, preferências, crenças, juízos…
Mas fica a provocação: como seria se você não se acostumasse com a realidade que lhe é dada, apresentada porque não, imposta? Como seria sua realidade se reagisse de outro modo? Se parasse de se omitir? Se parasse de fingir que não é com você, que não está lhe afetando, tal como alguém que tem uma postura egoísta, porém não a admite?
Reflita sem pressa, e perceba as peças do quebra cabeça existencial se encaixarem, ou… Se desarrumarem esperando uma nova figura a ser montada.
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguísta (PNL)