A final olímpica da categoria até 75kg prometia ser um combate difícil para Hebert Conceição contra o campeão mundial de 2017 Oleksandr Khyzhniak. E o que se viu foi exatamente isso. O combate estava complicado para o brasileiro, com o ucraniano sendo mais agressivo desde o começo e conseguindo vencer os dois primeiros rounds.
A 1 minuto e meio do fim, no entanto, Hebert acertou um soco espetacular e derrubou o adversário, conquistando a medalha de ouro na madrugada deste sábado (7) e repetindo o feito de Robson Conceição nos Jogos Rio 2016. A luta foi disputada na Arena Kokugikan, icônico local onde são disputadas lutas de sumô na capital japonesa.
“Difícil falar a sensação, é incrível, uma emoção muito grande, senti e energia de todo mundo que estava torcendo. Eu pensei durante os rounds que tinha muita gente mandando energia por esse nocaute. Eu acreditei que eu podia e que bom que aconteceu, eu fui premiado e a gente merece”, afirmou o boxeador.
Para chegar ao ouro olímpico, Hebert passou nas oitavas de final pelo chinês Tuohetaerbieke Tanglatihan, por 3 a 2, em decisão dividida dos árbitros. Nas quartas, enfrentou o cazaque Abilkhan Amankul, prata no Campeonato Mundial de 2017 e vice-campeão asiático, e passou por 3 a 2. Na semifinal, o adversário foi o russo Gleb Bakshi, campeão mundial de 2019, e novo triunfo verde-amarelo, dessa vez por 4 a 1.
“Mas eu sabia da minha capacidade também. Treinei muito, levei muito a sério todo o trabalho que foi passado durante o ciclo, durante toda minha iniciativa desde que comecei no boxe”, disse Hebert
O ucraniano começou mais agressivo na luta, mas Hebert conseguiu encaixar dois bons golpes no primeiro minuto. Oleksandr dava mais socos, enquanto o brasileiro, quando tentava os golpes, acertava bem o rival. No fim, os cinco árbitros deram vitória para o ucraniano, que realmente foi mais agressivo.
Na segunda parcial, o ucraniano seguiu melhor apesar de, novamente, o brasileiro ter conseguido encaixar dois bons golpes. O combate seguiu bem truncado, mas com o volume apresentado no começo do round, o ucraniano venceu de novo na opinião dos cinco árbitros.
Já atrás na decisão – todos os juízes já davam 20 a 18 para o ucraniano –, a única opção de Hebert era ir para cima e tentar ou o nocaute ou uma vitória tão convincente que os juízes dessem 10 a 8 para ele no placar no último assalto. E foi o que o brasileiro fez, conseguiu um lindo golpe que levou o ucraniano ao chão.
“O atleta que eu enfrentei tem um jogo difícil de trabalhar, é um cara muito forte, intenso, é espetacular a forma física com que ele sempre se apresenta nas lutas. É um lutador incrível, respeito muito. Eu tinha perdido dois rounds, tinha mais um. Apesar de a pontuação ser adversa, eu sabia que em 3 minutos dava para reverter com um nocaute. Se vocês perceberam no começo do round eu já fui para uma luta franca e falei ‘se tomar nocaute aqui não interessa, estou perdido, agora eu vou buscar o meu’. E sabia que na trocação era loteria. Consegui conectar um bom cruzado, que eu treino muito também quando estou simulando situações de trocação. Essa medalha de ouro é para o Brasil.”
Esta é a oitava medalha do boxe na história olímpica e a terceira nos Jogos de Tóquio. Agora a torcida é pela final da Bia Ferreira (até 60kg) no domingo (8), às 2h do Brasil, na busca pelo segundo ouro brasileiro no boxe em Tóquio 2020. Abner Teixeira já conquistou o bronze na categoria até 91kg. O boxe brasileiro deixará Tóquio com sua melhor campanha na história olímpica.