Passei essa semana de ônibus para ir fazer um tratamento que faço para epilepsia em uma Universidade em Campinas e, em dado momento, avistei embaixo de uma ponte, um morador de rua, vulgo mendigo, de cerca de 40 anos, isso por volta das 15h, deitado em um colchão velho.
Enquanto o ônibus seguia seu destino fiquei ali, sentado, filosofando, refletindo sobre aquela cena, mais em específico no desfecho atual daquele cidadão. Você aceita refletir sobre ações e consequências? Obrigado por poder contar com sua companhia.
Pois bem, vendo aquele fato real, aquela cena que roubou minha atenção, passou várias coisas pela minha cabeça, vários questionamentos advindos da filosofia, área na qual sou formado, e longe de mim está o veredito final, a resposta pronta para aquele desfecho atual no homem lá deitado embaixo da ponte.
Não sei se há destino, se há ‘karma’, se há liberdade em termos de escolhas e consequências, se ele foi influenciado pelo seu círculo social e não soube gerir sua vida nos padrões sociais, pouco menos sei sobre sua infância e os traumas que ele vivenciou e que marcaram sua vida.
Mas a pergunta que mais me marcou e que eu mesmo me formulei foi mais ou menos a seguinte: se fosse possível voltar no tempo e mostrar em um espelho, em um quadro, em um dispositivo para ele, enquanto uma criança de 10 anos de idade, qual seria seu futuro, morando ali, debaixo de uma ponte, qual seria a reação daquela criança?
Já parou para pensar se essa experiência, de retornar no tempo, em sua infância, e mostrasse o que você é hoje, qual seria sua reação? Espanto, alegria, orgulho, satisfação, tristeza, angústia, desespero? Ou quiçá certo conformismo do tipo: “Eu já esperava isso…”.
Qual seria o adjetivo que você usaria para descrever essa visão? Agora, voltando ao morador de rua; qual seria a reação dele, com 10 anos de idade, se vendo morando embaixo de uma ponte, sem ter o que comer, talvez até sendo um viciado em drogas, álcool…
Será que haveria uma força para mudar o famoso “destino”, temos de fato essa autonomia, essa liberdade? De fato colhemos o que plantamos? Rousseau, grande nome da filosofia política, defende que o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe, o deturpa, o molda.
Hobbes outro grande nome da filosofia política, já defende o oposto, defende que somos egoístas por natureza. Seria isso um possível motivo para desfechos indesejados? E o narcisismo defendido por Freud, adentraria nesse aspecto, de ser uma pessoa egoísta?
Platão, nome famoso da filosofia grega defende que somos “desejantes” por natureza, insaciáveis, sempre querendo mais, mais e mais, correspondendo a certa ganância.
Epicuro, nome famoso da filosofia, já defende que buscamos prazeres por natureza e o que realmente importa é o aqui e o agora.
Bom, mediante a tal exposição do que vi no ônibus e tal questionamento filosófico (com diversos pontos de vista de grandes nomes da filosofia, e com questionamentos existenciais do homem) fico ainda intrigado em relação a atitude daquela criança ao ver que, depois de 30 anos, seu desfecho seria aquele: o de ser um morador de rua, o de passar fome, o de passar frio, o de não ter o que comer (e talvez ser um viciado).
Ainda penso que aquela situação não seja imutável, haveria esperança para ele? Para mudar de vida? Para recomeçar? É claro que o peguei como exemplo, mas essa reflexão e provocação servem para todos aqueles que não estão contentes com a realidade que se encontram e desesperançosos em tentar dar um novo passo, visando um novo destino, uma nova jornada em outro caminho.
Haveria um sonho que lhe motiva? Seria necessário uma época propícia para novos planos?
Você se encontra onde esperava estar, fazendo o que esperava fazer, vivendo em uma condição de vida que esperava vivenciar quando era criança?
Fica a reflexão minha querida leitora; meu caro leitor. Grande abraço!
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL) – Instagram @institutopontes_oficial