O ano de 2021 foi de muitos “EITAS” diferentes na minha vida e um deles foi o convite escrever para a coluna do Hora Campinas.
Ouso dizer que meu coração topou mais rápido que o preparo de um macarrão instantâneo pois quando tinha 8 ou 9 anos, dentre as coisas que eu dizia que queria ser quando crescesse era escritor. Imediatamente após o convite, me reconectei com essa sensação lá do menininho que escrevia páginas e páginas, mesmo quando as redações eram só de 30 linhas. Me lembrei que as pessoas gostavam da minha escrita, os professores elogiavam. Inclusive participei de um concurso que falava sobre água e que já tinha até sido jurado do Prêmio Feac de Jornalismo durante dois anos. Senti que era a minha hora de realizar esse sonho adormecido e já comecei a imaginar todos os temas que eu poderia falar por aqui. Me empolguei e, tudo isso, me fez sorrir escancaradamente com a boca e com os olhos!
Depois que as coisas se confirmaram, o cérebro começou a pensar e, eu não sei o de vocês, mas o meu pensa muita coisa. Pensa muito rápido. E mistura assuntos! E do nada ele abre a porta das neuras e medos e mistura tudo isso como em um liquidificador! Este foi o exato momento que, como já diz a música do Jorge Aragão: “aí foi que o barraco desabou, nessa que o meu barco se perdeu (…)”.
“Como assim, colunista? Você não escreve tem um tempão!”, “Vai falar sobre o quê?”, “Você sabe que um monte de gente vai ler isso né?”, “Como isso vai impactar no seu universo profissional?”, “Você vai se expor a muita crítica e pode até ser cancelado”, “Será que você não está com muitos focos?”. Essas foram algumas das coisas que o “diabinho do medo” trouxe. Esse é o nome que dou para aquelas vozes que ficam trazendo só informações ruins e perturbando a cabeça.
Percebi que esses medos ficavam pairando pela minha cabeça e tendiam a me paralisar. A querer fugir desta ideia maluca de ser colunista. Questionei várias vezes se eu havia feito a coisa certa.
E, depois de tanto pensar nisso, conversar com pessoas queridas, trocar na terapia, cheguei a uma conclusão: Foi uma das melhores escolhas que eu fiz neste ano pelo simples fato de eu estar pensando ainda mais sobre mim! Estava encarando e dialogando de fato com os meus medos, minhas neuras, meus desafios, agora, por uma outra perspectiva. Em uma outra camada, seguida de outras camadas e isso foi me permitindo chegar em outros níveis de profundidade!
Percebi que ser colunista de um portal era a oportunidade de me conectar com a tal da vulnerabilidade que a Brené Brown fala em seus documentários e TED Talks e que sempre me preenche: “ser vulnerável é um ato de coragem!” Coragem para perceber que não tem nada e ninguém pronto para nenhuma função, status ou entrega. Não tem um botão que gira que te faz, de fato, virar um colunista (ou um pai, ou executiva, etc) – é no caminho, no processo! No processo de aprendizagem e de muitas vivências.
Percebi que esses gritos na minha cabeça são, dentre outras coisas, o olhar e sentir de um jovem de (só) 28 anos querendo conquistar o mundo e já se cobrando para estar pronto. Que tem medo de não ser bom o suficiente e não ser reconhecido. Que quer garantir o resultado final. E, agora (e mais uma vez), vou me dando conta que não existe um pronto. Existe a minha condição atual, que é a melhor possível neste momento para que eu possa dar o meu próximo passo de onde eu estou!
Relembrei-me que o melhor que posso fazer para propor um texto que conecte com o outro é me conectando comigo mesmo e me permitindo identificar, nomear e pensar sobre tudo que há em mim e a minha volta. Que é fundamental que diariamente eu me lembre de ser fiel a mim mesmo com tudo que carrego e olhando com carinho para estes “eus”, permitindo assim fortalecer o meu autoconhecimento e o meu autodesenvolvimento.
Esse espaço, para mim, não é “só” uma coluna! Esse espaço é um espelho que já está me ajudando a refletir mais de mim em mim mesmo. Posso chamar também de um espaço para cocriar condições para a ampliação da consciência humana, começando a partir do olhar carinhoso e cuidadoso para o Jonas.
Também de lentes de aumento da vida para ver, em mim, o silêncio e o agito, tudo com mais atenção e me relembrando de viver com coragem, consideração e leveza todos os ‘agoras’ para que, a partir disso, eu possa ir compondo uma coluna da vida com todos os aprendizados que surgirem.
As principais coisas que me tocarem, prometo que vou compartilhando por aqui como um retrato dessa juventude que vive em mim e que segue em eterna construção!
E neste ano de 2022, que está abrindo alas logo a frente, desejo que você possa conscientemente escolher encontrar, aceitar e criar a sua coluna para se conectar conscientemente com você! Que se divirta no processo assim como eu me enchi de alegria ao acolher, pensar e descrever tudo isso que me afetou.
E, um lembrete para mim e para você: se o coração disser que sim, vai com medo mesmo!
Jonas Santos, de 28 anos, mora em Campinas desde os 7 anos e acredita que por meio da educação pode melhorar o mundo dele e dos outros