Foi buscando uma forma de prestigiar o aniversário da mãe, em maio de 2022, que Dione pensou o Jornal do Amor. O psicólogo e escritor Dione Rodrigo Dias criou um jornal em que contava sobre o bolinho de sal de Jane, sua mãe, preparado sempre que chega uma visita em sua casa. Dione diz que rapidamente Jane coloca a gordura de porco para esquentar e faz a massa. Não demora muito e começam a sair as delícias douradinhas da panela.
O Jornal do Amor nasceu para ter uma única edição, mas fez tanto sucesso que um amigo sugeriu que Dione seguisse contando as histórias das pessoas e também dos lugares de Antônio Carlos, pequeno município mineiro com pouco mais de 11 mil habitantes.
O jornal tem duas páginas e já está em sua 14ª edição. Neste tempo tem resgatado as preciosidades da cidade, sejam pessoas e lugares. Tem eternizado histórias e pessoas que não estão nos jornais tradicionais ou livros de história.
Muito personalizado e com distribuição gratuita, todo dia 3 de cada mês sai uma nova edição com uma tiragem de 25 exemplares, que já são bem disputados. Essa foi a forma que Dione encontrou de homenagear sua gente, sua cidade e também os talentos das pessoas em vida.
“Para mim a escrita tem esse poder de eternizar as histórias. Trago para o texto as qualidades e os dons das pessoas. Mas também procuro destacar o que a cidade tem de bom, que muitas vezes não valorizamos”, diz.
Dentre os assuntos, Dione conta que fala dos costumes e da cultura local. O pinhão, por exemplo já foi assunto, pois é muito comum na região, assim como o angu de milho branco e chás variados. O queijo do reino, famoso em todo o Brasil, tem no município de Antônio Carlos seu maior produtor.
Além da comida, outros assuntos foram, a igreja matriz e suas imagens, a estação ferroviária, a escola estadual de Antônio Carlos, que já foi uma Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor), e o poeta Cruz e Souza que morreu na cidade. A última edição foi dedicada ao tico-tico, uma ave típica da região.
As pessoas e suas histórias seguem sendo a essência do Jornal do Amor, já saiu o moço que faz queijo, um produtor de rosas, uma professora, um casal e seu filho, que são cheios de talento, uma artesã.
“Ainda tem muita história para eternizar e mostrar o que as pessoas fazem de bom”, conta.
O Jornal do Amor é um convite para olhar o entorno, para a própria comunidade e perceber que tem muita gente boa no mundo e que as histórias estão pipocando para quem se propõe a enxergar.
Kátia Camargo é jornalista e ao conhecer a história do Dione e do Jornal do Amor se lembrou da canção de Milton Nascimento, Nos Bailes da Vida, que diz: “Todo artista tem que ir aonde o povo está”, pois sentiu a arte que Dione expressa e eterniza nas histórias que ele coloca no mundo.
Para conferir a música de Milton Nascimento clique aqui: