Foi inaugurado dia 07 de março passado o Museu da Vacina do Instituto Butantan. O primeiro e único na América Latina e um dos únicos no mundo ocidental. As vacinas tem sido alvo de ataques e de notícias falsas e maliciosas tentando reduzir a sua importância e mesmo, de maneira criminosa, imputar às vacinas efeitos adversos e morbimortalidade, absolutamente descabidas.
São incomensuráveis as vantagens da vacinação quando confrontamos com a falta dela. Não usar vacinas para determinadas doenças, coloca o indivíduo sob risco permanente.
Passa a ser uma questão de “sorte ou azar” ter ou não a doença e seus agravos. Tenham certeza, não vale a pena pagar para ver. Os prejuízos podem ser irreparáveis e, infelizmente, pode ser a própria vida. Felizmente, estamos retomando as políticas públicas e as comunicações de massa e de risco que estão recolocando a real dimensão e importância ao tema das vacinas.
Eu digo sempre que dentre um imenso número de avanços que a humanidade obteve na área da saúde, quatro se destacam na promoção da elevação da expectativa de vida e do bem-estar: 1- a água tratada e o esgotamento sanitário, 2- a lavagem das mãos (muito destacado durante a pandemia), 3- os antibióticos e 4- as vacinas. Incrível como medidas simples e baratas causaram um impacto enorme na melhoria de vida da humanidade.
As vacinas foram, em grande parte, a causa pela melhoria da mortalidade infantil em todo o mundo e da erradicação ou controle de doenças graves como a varíola, sarampo, meningite, dentre muitas.
A ideia de fazer um museu da vacina foi colocar de maneira lúdica, divertida, interativa, a história das vacinas, seus mecanismos de ação e como atua na proteção e bloqueio de disseminação das doenças. O museu está instalado em uma bela e ampla casa do século XIX que já foi a residência do Professor Vital Brasil e uma escola elementar rural (isto mesmo, o Butantan era zona rural de São Paulo a menos de um século). É um prédio que por fora está preservado com a arquitetura da época e, por dentro, um século XXI, digital e conectado para a diversão de todos, adultos e crianças. Tudo isto em um ambiente agradável, pleno de árvores e pássaros.
Uma das atrações mais interessantes, é de um simulador onde, dentro da realidade virtual, o expectador vivencia uma viagem fantástica e assiste a uma guerra microbiológica das células do sangue e dos anticorpos contra o coronavírus.
Várias outras atrações existem para o aprendizado e entretenimento com as vacinas. Se nós adultos ficamos encantados com o que está ali apresentado imagino as crianças que terão a oportunidade de vivenciar a questão das vacinas de maneira divertida como se estivessem em um parque de diversões.
O museu é todo departamentalizado, com atrações desde a história das vacinas em nível mundial e nacional como todas as evoluções tecnológicas neste campo. Existem ainda brinquedos onde os visitantes podem tentar entender e bloquear a disseminação de uma doença através das vacinas. É claro que pelo momento que estamos vivendo, muitas das atividades usam o coronavírus como nosso grande “vilão” a ser destruído e controlado.
O museu da vacina se junta a inúmeras atrações do parque cultural do Instituto Butantan, que está aberto todos os dias, e que tem recebido mais de 100 mil visitantes por mês. É uma extraordinária opção de laser em São Paulo e é muito pedagógico. Imagino como as crianças se divertem e se encantam com tudo isto. Elas serão nossos cientistas do futuro. Dar à ciência este caráter lúdico e divertido fará com que muitas se interessem.
A curiosidade, própria das crianças, é a base da ciência.
Tudo começa com uma pergunta a ser respondida e isto as crianças fazem muito bem. A partir daí, é a escolha do método de investigação e isto se aprende com a vida de pesquisador. Reforço o convite, vocês não se arrependerão. Bom passeio!
Carmino Antônio De Souza é professor titular da Unicamp. Foi secretário de saúde do estado de São Paulo na década de 1990 (1993-1994), da cidade de Campinas entre 2013 e 2020 e Secretário-executivo da secretaria extraordinária de ciência, pesquisa e desenvolvimento em saúde do governo do estado de São Paulo em 2022. Atual presidente do Conselho de Curadores da Fundação Butantan.