Neste domingo celebra-se o Dia das Mães e, por isso, decidi aproveitar a data para alertar em especial as grávidas sobre o cuidado com sua saúde bucal e como prevenir riscos ao bebê. E, sim, existem riscos. Afinal, saber que tem um outro coração batendo junto com o seu é uma experiência mágica e, como bem sabem as mulheres, transformadora.
Conversei com o cirurgião-dentista Edinei Dias da Silva, formado pela Universidade Estadual da Unicamp (Unicamp) como as mudanças físicas, metabólicas e hormonais do corpo que se prepara para gerar uma vida, influenciam diretamente na saúde bucal.
Segundo o especialista, um estudo publicado em 2020, pelo site Revistas Eletrônicas de Odontologia (coleção Rev@Odonto), destaca que apenas 33% das gestantes receberam orientação sobre a saúde bucal, enquanto somente 40% procuraram por atendimento odontológico.
A pesquisa revelou ainda que 73,7% das futuras mamães não sabia que seus problemas bucais poderiam ter influência sobre a saúde geral da criança (73,75%), sendo está a principal dúvida.
“Por causa das alterações hormonais, há diminuição do fluxo e da ação protetora da saliva. E as grávidas passam a comer um pouco mais. Essa combinação gera um aumento da acidez na boca, o que facilita, por exemplo, a desmineralização dos dentes e a formação de cáries”, explica o cirurgião-dentista.
O especialista destaca também que, durante o período de gravidez, ocorrem algumas modificações físicas e fisiológicas no corpo da gestante, que podem gerar alterações orais, tais como: gengivite gravídica ou aumento da mobilidade dentária.
Daí a importância de incluir o dentista na agenda da gravidez, com um lembrete: em casos extremos, gengivite e periodontite podem até mesmo induzir o parto prematuro.
Mas é possível relacionar problemas bucais com parto prematuro? “Esses problemas, causados pela má escovação, ocasionam o acúmulo de bactérias na gengiva. Essas bactérias, quando chegam à corrente sanguínea, podem se instalar no útero e na placenta, podendo induzir à contrações que levam à um parto prematuro ou aborto espontâneo.”
Segundo Edinei, atualmente, muitas “pesquisas já indicaram que mulheres com periodontite pode estar em risco de resultados adversos na gravidez, como dar à luz a um nascimento prematuro ou bebê de baixo peso.”
A boa notícia é que esses problemas podem ser evitados com acompanhamento profissional, chamado de “pré-natal odontológico.”
“A primeira consulta de pré-natal deve ocorrer imediatamente após a confirmação da gravidez, mas, o ideal seria fazer um check-up preventivo odontológico assim que a futura mamãe decidi que vai engravidar. Normalmente, o período ideal e mais seguro para o tratamento odontológico é durante o segundo trimestre da gestação.”, aconselha o profissional.
No entanto, se a gestante necessitar de tratamento de urgência e emergência, esses devem ser realizados de forma segura pelo dentista, em qualquer período gestacional.
Agora e no pós-gravidez, será que a mãe pode transmitir cáries ao filho? “Sim, hábitos simples como o de provar a comida da criança para verificar a temperatura, compartilhar a mesma escova de dente e dar beijos são algumas das formas de transmitir as bactérias (que valem para outros adultos também)”, responde o especialista.
A explicação é que, quanto mais microrganismos cariogênicos a mãe (ou responsável) tiver na boca, maiores são as chances de uma transmissão após o contato da criança com a saliva e que quanto mais cedo ocorrer o contágio, mais cárie a criança desenvolverá ao longo da vida.
Com tantas dicas e cuidados, aproveite este dia tão especial e belo. Feliz Dia das Mães!
Daniela Nucci é jornalista – [email protected]