O ano de 2021 foi de aquecimento para o mercado imobiliário, uma vez que a pandemia impôs o isolamento social e as pessoas passaram a trabalhar e estudar a distância, portanto, a procura por imóveis que acomodassem esse “novo normal” cresceu sobremaneira e a tendência é que haja a busca por imóveis com maior metragem e afastados do centro urbano, tanto para compra, quanto para locação, pois as empresas adotaram o trabalho híbrido, e ainda, a busca pelos imóveis que possuam uma boa área de lazer, como os condomínios.
Além disso, a taxa Selic em 2% estimulou os juros baixos, e o momento pandêmico trouxe desemprego, instabilidade econômica e receios, portanto, muitas pessoas, com o propósito de garantir o sustento de suas famílias, colocaram seus imóveis à venda e agarraram as propostas de negócios realizadas.
Portanto, o mercado experimentou um “toma lá da cá” imobiliário.
No que se refere aos lançamentos imobiliários, 2021 foi um ano de aquecimento no setor, com a permissão pelos governos estadual e municipal da continuidade das obras e a taxa Selic em patamares baixos.
O Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) divulgou, recentemente, que foram lançadas, em torno, de 50 mil unidades, de janeiro a setembro, e vendidas quase 47 mil, na cidade de São Paulo.
Mas, o mercado experimentou uma mudança a partir de setembro, sendo que, em agosto a Selic estava em 5,25% e em setembro, 6,25%, portanto encerrou-se o ano de 2021 em desaceleração e a taxa Selic em 9,25%.
Ademais, a previsão é que as incorporadoras lançarão seus empreendimentos logo no primeiro semestre de 2022, uma vez que as eleições dar-se-ão em outubro e o cenário será de insegurança.
Consequentemente, os especialistas estão desconfiados do comportamento do mercado imobiliário em 2022, porque poderá ser um ano de dificuldades para os negócios imobiliários, mas os consumidores deverão procurar lançamentos onde as incorporadoras não repassaram a alta dos juros.
O principal ponto que favorece o arrefecimento do mercado imobiliário é a alta da taxa Selic, que encerra o ano em 9,25%, sendo que a prestação mensal do crédito imobiliário sente seu efeito.
Outro fator existente é a alta da inflação, em virtude do impacto direto no aumento do custo dos insumos da construção civil e aliado a isso, a redução do poder de compra do brasileiro, tendo em vista os estragos gerados pela pandemia na economia.
A previsão é de desaceleração no mercado de lançamentos de empreendimentos imobiliários, contudo, tudo pode acontecer, como no futebol: “uma caixinha de surpresas”.
Renato Ferraz Sampaio Savy é advogado Imobiliário e Condominial, mestre em Direitos Difusos e Coletivos, professor universitário, coordenador da Pós-Graduação de Direito Contratual e Direito Imobiliário do Proordem-Campinas