O personagem que optamos manter socialmente e de modo midiático lhe é pesado? O que haveria nos bastidores do Teatro da Vida? Ou para ser mais preciso: quais os recalques que as pessoas guardam em seu inconsciente que têm feito com que o número de pessoas com depressão no mundo aumente absurdamente? Temos aqui uma reflexão com base em filosofia e psicanálise. Gostaria muito de sua companhia, posso contar com ela? Maravilha, então vamos à ela.
No fim do ano passado (2023), mas de 300 mil pessoas foram diagnosticadas com depressão, dentre tantos outros diagnósticos que acometem a mente humana e comprometem nossa vida, pessoal e profissional. O termo recalque advém da psicanálise, tal termo refere-se à situações das quais somos como que “castrados”, ou seja, impedidos de pensar ou agir de determinada maneira e tal castração advém da moralidade familiar, profissional e cultural (frutos do chamado SUPEREGO), há também o recalque de emoções que não puderam ser expostas por medo, ameaças e afins como casos de abusos sexuais na infância, ameaças no casamento…
Nosso inconsciente é tal como uma bexiga que está em constante enchimento, ela enche em proporção ao nosso convívio social e suas respectivas demandas até que ela estoura, e aí tal pessoa colhe os frutos “estragados, azedos” chamados de doenças psicossomáticas, que surgiram no emocional, na mente e emergiram, se transferiram para a realidade atual do sujeito.
Mas por que essa constatação, esse fato vêm aumentando? Émille Durkhiem, o fundador da Sociologia (Ciências Sociais), analisa tal realidade como sendo elas um Fato Social, e tal análise se dá de modo empírico e científico. A comunicação para amenizar tais diagnósticos é de grande importância, hoje em dia constatamos que temos várias formações em oratória, mas não uma (me utilizando aqui do neologismo) de “escutatória”, precisamos de alguém que nos ouça e, se possível, de maneira neutra. O que temos são pessoas próximas que já vêm com uma resposta pronta ou pessoas aleatórias que também possuem uma cartilha de como solucionar o tal problema, o tal fato social/ particular não mais recalcado.
Lacan, grande nome da psicanálise expõe sobre a importância do fracasso na comunicação, é como se a essência da comunicação fosse o mal entendido, pois em um ambiente no qual no mínimo duas pessoas estão diante uma da outra, faz-se necessário que não haja precipitação na hora de dar uma devolutiva ao seu interlocutor.
Quando preciso desabafar por vezes apenas quero alguém que ouça, me interrompendo o mínimo possível, mas isso está em extinção na atualidade, penso que as interrupções no discurso exposto de modo angustiante devem ser feitos através de boas perguntas que levem a pessoa a, quiçá, dar a luz a um novo ponto de vista, o que na filosofia Sócrates chamava de metodologia da Maiêutica e na psicanálise Freud e Breuer chamava de metodologia da Catarse.
Toda essa reflexão veio à tona a partir dos sorrisos exuberantes e vastos nas redes sociais, como é possível constatarmos a qualquer momento em qualquer rede social. O que estaria, afinal, nos bastidores desse Teatro da Vida? Jung, grande nome da Psicanálise expõe em sua teoria dos arquétipos inserida no Inconsciente Coletivo que temos a da “Persona” que fundamenta nossos diversos papéis sociais e em sua grande maioria há a necessidade de manter tal persona “em cima do palco da vida”. É melhor não mostra-los? Qual seria a finalidade das redes sociais?
Realmente temos 100 mil amigos, 100 mil seguidores? Ou estamos sozinhos no mundo, sem destino como defendia o filósofo existencialista Sartre? Até que ponto é saudável fingir que está tudo bem? Recalcar, reprimir nossos sentimentos e emoções tal como sustentar um fardo pesado mantendo uma personagem de fato é a melhor alternativa para os dias de hoje?
Estamos reféns de uma era digital no qual nos cobram sucesso, nos estimulando a compararmos com os demais e causando em nós ansiedade e diversos outros transtornos emocionais?
Convido você a refletir se você é um ator, uma atriz refém de manter uma aparência, precisando propagar um marketing pessoal de si para com a sociedade (o que por vezes é necessário para manter o viés profissional em muitos casos), mas que entre quatro paredes, sozinho (a) você senta e chora sem saber o que fazer?! Abraço.
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL) – Instagram @institutopontes_oficial