Desde muito jovem – em casa, na escola e da boca de diversas pessoas – escutei que o trabalho é muito importante e que, quase de uma forma milagrosa, tem a capacidade de moldar a dignidade de todos nós.
Sempre acreditei nesta máxima. Acredito até hoje.
Mas, a forma que nos relacionamos com o labor vem evoluindo e se adaptando com o passar do tempo. Quando lembro da relação que meus pais tinham com o trabalho, entre as décadas de 70 e 80, percebo uma importância grande do emprego e da empresa empregadora na vida de toda a família.
Muitas vezes, minha mãe era chamada pelo nome acrescido de um “sobrenome”, que era o nome da empresa que ela trabalhava: “essa daqui é a fulana da empresa tal”.
Nos dias de hoje, os jovens já enxergam o trabalho como um meio para se chegar a determinado lugar. Seja qual for esse lugar. Por isso, a relação entre empresas e profissionais vem se tornando algo bastante sensível.
Prova disto é que – cada vez mais – as pessoas estão buscando encaixar o trabalho na vida e não mais o contrário. Esta simples mudança de mentalidade está servindo de combustível para o surgimento de formas mais humanizadas de se trabalhar.
Um exemplo que vem ganhando adeptos é o trabalho independente, desvinculado de um único empregador, que permite aos profissionais trabalharem por projetos e prestarem serviços para diferentes empresas.
Este cenário muito mais plural e diversificado nos permite aprender novas habilidades e estimula a nossa capacidade de aproveitar o estoque acumulado de conhecimentos e experiências que desenvolvemos com o passar dos anos.
Outro fator que vem ganhando popularidade é a ideia que o propósito de uma empresa nem sempre será o propósito de seus empregados. Trocando em miúdos, é vital para nós, humanos racionais, sentirmos o impacto e os resultados do nosso trabalho – só desta forma é possível entender se a tarefa que estamos desempenhando faz ou não sentido pra gente.
E essa percepção de fazer sentido ou não ganha muito mais potência quando utilizamos a inteligência coletiva. Tudo bem que a pandemia afastou fisicamente as equipes, mas ouvir pontos de vistas diferentes e promover discussões de ideias, mesmo que no ambiente on-line, podem resultar em soluções cada vez mais criativas que podem nos conectar com os nossos objetivos de vida.
E, por fim, algo que vem sendo demonizado há muito tempo e que derruba o mito da produtividade a qualquer preço: descansar não é luxo. Não é! A ciência já provou “por a mais b” todos os impactos positivos que boas horas de sono e a qualidade do descanso tem em nossa capacidade de aprender. Quanto menos descansamos, menos aprendemos.
Por isso, aproveite esse início de ano e repense, mesmo que de forma superficial, a sua relação com o trabalho. A vida tem muito mais para nos oferecer. O trabalho deve ser parte de algo muito maior.
Feliz 2022!
Flávio Benetti é professor, palestrante, publicitário e especialista em Comunicação interna e endomarketing. Considera-se um cara apaixonado pela vida, curioso por natureza, fã de tecnologia, design e fotografia