Eu certamente já escrevi algo relacionado à depressão em minha coluna, em meus textos, porém me recordo de usar a metáfora de alguém que bate à porta desejando entrar… Depois de algum tempo investido em literatura de alto escalão me deparei com uma metáfora semelhante a essa minha anterior, expressada pelo famoso psicanalista Carl Jung que é a seguinte: “A depressão é como uma senhora vestindo preto, caso ela chegue não a expulse; é melhor convidá-la para a mesa, e ouvir o que ela tem a dizer”!
O que você achou? Concorda? É justamente sobre essa frase que iremos refletir hoje, usando-a como ponto de partida até chegarmos em águas mais profundas.
Não sou nem 8 nem 80, não sou alguém que queira opinar sobre depressão sem sequer ter vivenciado-a um segundo de minha vida e nem sou 80 a ponto de querer comparar os diversos motivos e realidades que desencadeiam cada uma das tristezas e angustias que dão base para a depressão. Já sofri com ela quando saí do ensino médio, desde então ela “passou”, mas depois que me formei em filosofia, que comecei a ler livros e mais livros eu hoje assino embaixo da famosa frase popular: “A ignorância é uma benção”.
Não saber tem lá seus benefícios, não saber pressupõe falta de raciocínio lógico, crítico, articulado, pressupõe falta de um olhar clínico para com a realidade, suspeitando de todas as verdades que nos cercam e que nos são impostas.
Desde então me sinto com um pé dentro do estado depressivo e outro fora, quase que tentando tapar o sol com a peneira (expressão que minha saudosa vozinha usava muito), pé este que não quer enxergar que talvez por de traz da “cortina da vida” não haja nada…
Não sei se lhe aconselho a estudar sobre tais temas, não sei se você se julga preparado, mas entenda que jamais será o mesmo. Falando por mim, penso que seja ético não comparar motivos que levam à depressão, muito menos dizer que isso seja frescura, e nem de longe indicar alternativas de soluções mágicas para tal. Volto ao início, volto à senhora vestida de preto e com essa situação metafórica, que tal ouvir o que ela tem a lhe dizer?
Quem sabe parando de negar esse fato, você possa não controlar tal estado depressivo, mas passar a entender de onde veio e para onde lhe direciona.
Não negligencie os sinais, o corpo fala, a vida comunica, ensina!
Ouça o que essa senhora de preto veio lhe dizer, de repente um ajuste aqui, outro ali e as peças do quebra-cabeça começam a se encaixar. Repito: não me refiro à cura, mas a uma compreensão!
Depressão, em meu caso é fruto de responsabilidade, de ação, de decisão, de vazio e incertezas, são um misto de fatores como já dizia Sartre, grande nome da filosofia francesa.
Busque enxergar o que lhe move, o que move esse sentimento, o que o alimenta e estará dando o primeiro passo de encontro à ele, estará dando atenção e olhando nos olhos dessa senhora de preto. Receba-a, acolha-a, abrace-a, ouça-a. Afinal ela faz parte de você, ela é você!
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguísta (PNL)