“Dê poder a uma pessoa e verás quem ela realmente é”. É com essa máxima popular, que ressoa como um espelho da condição humana, lançando luz sobre a complexa relação entre sujeito, desejo e autoridade, que desejo iniciar nossa reflexão de hoje.
O poder, enquanto possibilidade de agir sobre o outro ou sobre uma estrutura, funciona muitas vezes como revelador daquilo que estava latente, recalcado ou mascarado por convenções sociais.
Vamos discutir sobre isso? Posso contar com sua companhia? Irei me utilizar de filosofia e psicanálise, áreas na qual possuo formação, conhecimento e atuo nelas. Venha comigo, por favor.
Na filosofia, Nietzsche foi um dos pensadores que mais desnudou esse aspecto, ao propor que o ser humano é movido por uma “vontade de potência”. Segundo ele, o que muitas vezes chamamos de moral ou bondade pode não passar de estratégias de fraqueza e, ao se deparar com o poder, o sujeito que antes parecia contido mostra sua verdadeira pulsão de dominação. Nesse sentido, o poder não corrompe necessariamente, mas revela.
Do ponto de vista da psicanálise, podemos pensar o poder como um significante que toca diretamente no ego.
Quando o sujeito investe no poder como compensação de uma ferida narcísica, uma infância marcada por rejeição, ausência simbólica do pai ou carência de validação, o exercício da autoridade se torna um teatro do recalque. O desejo inconsciente de ser reconhecido, admirado ou temido é projetado no outro, e isso pode levar ao desvio de caráter, à tirania disfarçada de liderança.
Freud já apontava que o ego busca se proteger da angústia interna projetando para fora seus fantasmas. Assim, uma vez no poder, o indivíduo pode agir não com base na ética, mas nos mecanismos de defesa como a projeção, a negação ou a onipotência. Lacan, por sua vez, mostra que o sujeito é dividido e estruturado pela linguagem; e o poder pode dar a ilusão de completude, de um “eu ideal” que se julga invulnerável, acima da castração simbólica.
Portanto, o poder é prova de fogo da estrutura subjetiva. Ele pode ser espaço de serviço e responsabilidade, mas também de descompensação do ego. Por isso, a psicanálise e a filosofia convergem em um ponto: conhecer-se é fundamental antes de querer comandar outros, tal ato governamental pode ser exercido dentro de casa, dentro do ambiente de trabalho, em um cargo político formal.
Pois só quem sustenta a própria falta é capaz de não usar o poder como máscara, mas como instrumento ético.
Thiago Pontes Thiago Pontes é Filósofo, Psicanalista e Neurolinguísta (PNL) – Instagram @institutopontes_oficial