Estava aqui pensando sobre qual o valor eu pautarei minha vida em 2023, e percebi que há dois valores chave que nos foram propostos na filosofia por dois grandes pensadores. De um lado temos Epicuro com a corrente hedonista, doutro temos Descartes com a corrente racionalista. O presente x o futuro, o prazer x a disciplina.
Convido a você minha querida leitora, meu caro leitor, a junto a mim, refletir sobre isso, sobre crenças, pensamentos, comportamentos, ganhos e perdas que podemos encontrar e ter como prática nesse ano que se inicia. Posso contar com sua companhia? Show de bola, então mãos a obra.
Virada de ano, época repleta de prazeres, tais como viagens, praias, bares, churrascos e muitas outras atividades, mas época também de promessas, das mais variadas possíveis, de emagrecer, de melhorar o comportamento no casamento, de se dedicar a trabalhar para receber uma promoção, para comprar um carro, uma casa, de ter maior disciplina em cuidar da saúde vencendo assim os mais diversos tipos de procrastinações nas mais diversas áreas da vida.
Pois bem, de um lado, como mencionado acima, temos Epicuro com seus seguidores chamados de hedonistas (hedoné, significa prazer), ou seja, Epicuro e seus seguidores tinham como valor supremo os prazeres, mas há que se fazer um alerta aqui: eles não estavam falando, muito menos estimulando o ser humano a fazer da vida uma grande festa onde possa tudo, não estava dando carta branca para que houvesse liberação do uso de entorpecentes, consumo de drogas, sexo em orgias, como se valesse tudo, já que o valor é o prazer, não é mesmo?!
Não é sobre esse tipo de prazer que Epicuro defendia, mas sim o prazer no presente, no instante que não se repete, que se vai, que é único e singular, tal como apreciar o por do sol, de contemplar sorrisos e se sentir bem, em paz onde quer que esteja, sendo e tendo uma visão otimista da vida a partir dos detalhes dela com sentimentos genuínos e simplistas.
Do outro lado temos Descartes, considerado pai do racionalismo, essa corrente da filosofia tem como valor a disciplina e defende uma metodologia para com grandes problemas, o que tomo a liberdade de associar a grandes sonhos, e para que eles estejam palpáveis, podemos neles colocar uma data e assim sendo, eles se transformam em objetivos de vida.
A partir disso podemos dividir na maior quantidade possível as partes desse grande problema, aqui no nosso caso, o objetivo e magicamente temos em mãos as metas, e então, dentre elas estabelecemos as mais difíceis e as mais fáceis, e assim sendo começamos pela mais fácil, para irmos subindo, degrau a degrau, até chegarmos a nosso objetivo, a nosso sonho.
Para tal conquista é necessário o valor da disciplina, como já mencionado anteriormente, que na maioria dos casos exige abdicar de prazeres do cotidiano, principalmente os que estão embasados em tempo e dinheiro.
Agora, após expor as duas correntes de pensamento filosófico eis a questão: qual linha seguir? Pautar nossa vida por qual valor?
Excesso de presente pode ser sinônimo de tédio, agonia, zona de conforto e preguiça. Excesso de futuro pode desencadear ansiedade e estresse fazendo com que o corpo precise até de medicamentos… Você tem sua resposta?
O que posso fazer aqui é tentar, veja bem, tentar propor uma suposta união de ambas. O que acha de em cada momento de ação disciplinar tentar, pela virtude da observação detalhista, enxergar as coisas boas que ali estão?
Quem sabe assim, unindo os dois valores: o do prazer no presente e o da disciplina para alcançar os objetivos, o percurso da vida não se torne mais agradável e menos desgastante. Pense nisso. Tenha um excelente ano. Um grande abraço e obrigado por ter estado em minha companhia 2022 inteiro.
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL)