Resolvi trazer esse tema para juntos refletirmos hoje, pois me parece a cada dia mais e mais próximo de nós: a necessidade de aceitação. Fui inclusive mais longe no título desta coluna: prisioneiros da aprovação! A base para tal reflexão advém do uso distorcido das redes sociais. Posso contar com sua atenção aqui agora? Ótimo, então vamos lá!
Penso que as mídias sociais são tal como uma ferramenta, ou um instrumento. Enfim, elas possuem lá suas variadas finalidades, tendo em vista facilitar e quiçá sanar as diversas necessidades que temos em nosso cotidiano.
O ponto de partida aqui é: como as utilizamos? Ela é mera coadjuvante em nosso cotidiano ou acaba por ser a protagonista em nossas vidas? Não poucas vezes vejo pessoas da mesma família, num mesmo espaço, no mesmo cômodo sem se falarem, estando cada um com seu aparelho celular em mãos.
Se me permite, vou além; me parece que se você não for usuário de redes sociais postando lá suas atividades diárias você não é notado (a). Pelo contrário, é como se houvesse um esquecimento de que você existe e tal teoria é fundamentada com os algoritmos, uma vez que você passa a não ver com tanta freqüência o que determinada pessoa posta justamente por ela não postar com tanta freqüência…
Enfim, as redes sociais em geral parecem encurralar seus usuários para que estes as usem por bem ou por mal, e o mal aqui diz respeito ao esquecimento de si.
Recordo-me de uma noite em especial em que na época de estudante universitário ainda na faculdade de Filosofia, uma colega de sala entrou extremamente revoltada, brava, agressiva. Perguntei o motivo de tal revolta me oferecendo para uma possível ajuda, ela disse que eu não podia ajudá-la e completou dizendo que havia postado uma foto há alguns minutos atrás e tal foto só havia tido cerca de 300 curtidas, likes. Só 300, só… Ela me disse que esperava algo em torno de 700 curtidas, likes, daí para mais…
Esse episódio ocorreu em 2015 e ainda me recordo dele, tamanho impacto aquela situação causou em mim. Isso me faz pensar em que medida somos prisioneiros de uma necessidade de pertencimento e aprovação social?! Com que medida sou medido pelo meu próximo?! Como a popularidade (ou a falta dela) impacta minha vida?!
Essa reflexão não é para você apenas, eu sou o primeiro a me incluir aqui, sou o primeiro a refletir sobre tal necessidade, se sou prisioneiro de likes, de comentários, de críticas inférteis, haters. Há quem diga que “Quem não é visto não é lembrado!”. Talvez esteja aí uma possível base para contra-argumentar uma vez que se expõem a realidade dos fatos, por vezes até com dados psicológicos mostrando a alta procura por psicólogos, psiquiatras e terapias das mais variadas, umas vez que pessoas não se sentem pertencentes a sociedade, não se sentem inclusas, muito pelo contrário: sentem-se excluídas.
O que você acha disso? Como avalia seu uso em mídias sociais rotineiramente? O convite aqui da minha parte é para uma auto-avaliação, uma auto-análise com senso crítico. Somos de fato livres ou precisamos parecer ser uma pessoa em redes sociais que não somos na vida real?
Até que ponto precisamos de aprovação de determinado grupo social/profissional? Como você pode reagir a isso e passar a se comportar? Em que medida você se considera um usuário viciado de redes sociais tal como existem usuários de drogas? A provocação é pesada eu sei, mas a resposta é você quem a tem! Um grande abraço.
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL)