A gente se cobra, o dia inteiro, para ser produtivo. Seja em casa, no trabalho e, até mesmo, no pouco tempo de lazer. O “não fazer nada” virou um grande vilão. Ameaçador.
Para muitos, assim como eu, é quase inconcebível não usar o tempo para realizar alguma tarefa pendente. E sempre tem algo pra fazer. Sempre.
Essa busca incansável pela produtividade é consequência da ideia que temos na cabeça de que o momento não aproveitado para gerar lucro ou crescimento pessoal é, como diria Renato Russo, tempo perdido.
Atualmente, passando mais horas dentro de casa, a percepção deste “desperdício” parece aumentar.
Sem dúvidas, terminar o dia com a sensação de dever cumprido, para muitos, inclusive eu, é algo estimulante. Mas otimizar o tempo neste período desafiador não parece ser o mais indicado.
É recorrente nas redes sociais, uma enxurrada de fotos com treino na academia no horário do almoço, yoga ao raiar do sol, uma nova capacitação após os filhos dormirem. Não, não há nada de errado.
A questão é: o que a gente [realmente] ganha com isso? Talvez mais tempo para fazer mais coisas.
Ouso dizer que realizar um número maior de tarefas em um menor espaço de tempo é uma disputa que nunca ganharemos. Experiência própria. Ciclo sem fim.
Para tentar mudar um pouco essa realidade, fui procurar algumas dicas para minimizar essa necessidade de ser produtivo a todo o momento. Compartilho.
O primeiro passo é se dedicar, pelos menos por uma semana, ao essencial. Um teste para entender o que estamos entregando de bom para o mundo.
Com essa ideia na cabeça:
#1. Foque no que realmente importa. Não daremos conta de tudo. Simples, assim. Lição de casa: para realizar aquilo que você deseja, abra mão de outras tarefas.
#2. Uma coisa de cada vez. Esteja onde seus pés estão. Ocupar a mente com muitas tarefas, sem nenhum tipo de priorização, só faz com que sejamos “fazedores” de coisas. Lição de casa: dê mais atenção aos assuntos que fazem sentido para você. Um de cada vez.
#3. Recorra ao papel e caneta. Faça uma lista de tudo que é importante para você. Tá liberado ser simples. Não existe certo ou errado. Lição de casa: caderninho na mão, faça uma coluna com todas as atividades que precisam ser feitas. Concluiu? Ok. Dentre tudo que você listou, destaque o que é importante.
#4. É normal postergar. Deixar para depois o que pode ser feito hoje não é sinal de procrastinação. Pelo contrário, é sinal de que você está bem alinhado com as suas prioridades. Lição de casa: pegue a lista de todas as atividades que são importantes e se comprometa a realizar uma por dia.
#5. A última: desapegue. Não existe nada de errado em pedir para que outra pessoa faça algo por você. Mas fique ligado, é de bom tom saber se o outro indivíduo está mais tranquilo com suas próprias atividades. Lição de casa: revise sua listinha de tudo que é importante. Quem sabe não existe algo que pode ser compartilhado?
Flávio Benetti é professor, palestrante, publicitário e especialista em Comunicação interna e endomarketing. Considera-se um cara apaixonado pela vida, curioso por natureza, fã de tecnologia, design e fotografia