O projeto Casulo nasceu após o retorno presencial dos alunos à escola, interrompido durante a pandemia. Muitas crianças não conseguiram ser alfabetizadas no tempo certo, parte dessas mora no residencial Emílio Bosco, em Sumaré. Foi então que a professora de português Josicleia dos Santos Lira e uma moradora do residencial começaram a fazer um projeto de reforço escolar para crianças que ainda não sabiam ler e escrever. “Começamos com 11 crianças no salão do condomínio, e hoje atendemos pelo menos 50”, conta Josicleia.
Passado uns dois meses, elas conseguiram apoio financeiro da Cruzada dos Militares Espíritas de Campinas e alugaram um apartamento para receber as crianças. “Nesse espaço nós não ficamos só na alfabetização, passamos a ter também uma sala de brinquedos pedagógicos e uma outra onde as crianças maiores fazem as tarefas escolares”, conta.
Mas tem algo ainda mais precioso no projeto Casulo e que encanta as crianças já na chegada, elas são recebidas com uma história, o que desperta um encantamento que só a magia dos livros consegue trazer. Desde o início do projeto as crianças já conheceram 54 histórias diferentes. Muitas nunca tinham lido um livro.
A professora Cleia sabe bem a força e o impacto que os livros podem causar numa pessoa, tanto que ela é autora de vários títulos infantojuvenis, entre eles A Garota Invisível, que recentemente foi escolhido para ser trabalhado durante o ano letivo em uma escola de Salvador, na Bahia, e A Menina que Aprendeu a Sonhar.
“Nosso objetivo é ser um espaço de brincar e socializar, as levamos para praças e parques para incentivar o contato com a natureza, aprender de forma mais lúdica, e o incentivo à leitura é algo muito importante dentro do projeto”, conta Josicleia. Em breve as crianças vão conhecer uma editora de livros para valorizar ainda mais a leitura. “Elas vão ter uma vivência literária que terá também uma contação de histórias. Depois vão escolher o título que mais gostaram e vão ganhar um livro e seguir com a experiência de leitura em casa”, destaca.
Kátia Camargo é jornalista e, ao escutar a história do projeto Casulo, se lembrou de uma frase do poeta Mario Quintana: Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas.