A métrica é uma medida quantitativa que é usada para avaliar, analisar e medir diferentes aspectos de um sistema ou processo, também utilizado na arte como a música e a literatura/ poesia. A partir dessa introdução exposta acima gostaria de trazer tal termo para lhe convidar a tentar aplica-lo na linha temporal da vida, principalmente no conceito de sucesso. Você aceita refletir comigo nessa jornada?
Espero poder contar com sua companhia. Vamos lá. A vida pode ser interpretada de diversas formas, ouso aqui a poder usar o conceito de métrica para tentar “medir” a vida em sua temporalidade, a vida de cada sujeito, desde seu nascer até seu findar. Tal métrica pode vir a nortear essa vida pelo conceito de sucesso: o que tal termo significa para você? Ao nascermos somos ingênuos, somos crianças cheias de instinto e prazeres, crianças com pulsões desmedidas como expõe a Psicanálise de Freud com sua teoria do ID, com o qual nascemos de modo inato, mas ao decorrer de nosso crescimento, com a moralidade que nos cerca e seus impactos sociais no qual podemos atribuir certo cerceamento chamado de SUPEREGO, podemos trazer a teoria do filósofo contratualista Rousseau defendendo que nascemos bons, de natureza boa, mas o sistema social é que nos corrompe, nos desajusta, passa vir a nortear nossa vida e a interpretação de sucesso que eles nos impõem.
Estamos em uma era na qual percebemo-nos reféns das Redes Sociais. É como se, sem elas, não existimos. Posso aqui tomar a liberdade neologística de modificar a grande frase do filósofo francês Descartes? “Penso, logo existo” para “Posto, logo existo”, sendo assim tanto na escola, no trabalho, nas relações pessoais e familiares, tudo está girando em torno de pertencer a esse universo paralelo que está sendo tomado pela inteligência artificial.
Basta ver pós-pandemia a quantidade de trabalhadores que foram substituídos por aplicativos ligados a tecnologia virtual (apps de banco, de comida…). Essa mesma era virtual nos impõe sutilmente a “parecer ser feliz e bem-sucedido”, é assim que vemos o mundo nas diversas redes sociais, não há uma só lágrima encontrada em foto alguma na internet.
Isso gera inveja, partindo da comparação do que supostamente é real, mas ninguém sabe o que se passa atrás das cortinas do teatro da vida, ninguém sabe o que nos bastidores há de concreto, de legítimo, de verdadeiro. Seria o sucesso um estado material no qual o sujeito possui
bens como carros, casas, até mesmo investimentos? Seria bem-sucedida uma pessoa que tem visibilidade midiática, milhões de seguidores e patrocínios? Quiçá uma pessoa que é sempre reconhecida na rua e parada para tirar fotos, dar autógrafos? O que seria o sucesso para o mundo não real, mas ideal (como queria Platão, outro grande nome da filosofia grega)?
Ter sonhos é de extrema importância para motivar o sujeito. São eles que motivam a pessoa ao acordar logo pela manhã e buscar conquista-los; motivação nada mais é do que um bom motivo para agir, você tem um?
Um sonho precisa de datas, para que se tornem objetivos e esses precisam ainda ser divididos em pequenas partes para que se transforme em metas e assim o processo todo se inicia pela meta mais fácil, facilitando assim subir paulatinamente degrau a degrau até chegar lá (foi justamente essa metodologia que Descartes criou e expôs em seu livro Discurso do Método).
Agora é de extrema importância que você tenha o seu significado de sucesso, creio que ele seja mais pessoal do que social, talvez ser bem-sucedido seja abrir mão dos louros da vida, da fama, do alto padrão de vida, do status que por ventura o sujeito possa vir a conquistar, mas que a médio prazo possa vir a comprometer sua saúde mental e física.
Ser uma pessoa bem-sucedida pode vir a ser ter aquele emprego que muitos nem cogitam ter, com determinado cargo que muitos menosprezam, talvez possa vir a ser ter saúde, aquela que sua família não possui por terem sofrido com câncer, diabetes, AVC… Um casamento sem grande festa, mas com a pessoa que você ama e que lhe faz sentir-se bem.
Eu particularmente era gerente de um grande banco de prestígio nacional, porém era infeliz, foi preciso um assalto com uma arma na nuca para eu abrir mão do apego financeiro e ir atrás do que eu sempre amei: a Filosofia, ser professor, lecionar; me utilizar da Psicanálise para auxiliar o próximo com metodologias como a Maiêutica Socrática e/ou o Método Catártico e afins… Hoje posso dizer que sou muito feliz com minha atuação profissional, com o desdobramento dela na mídia, dando entrevistas de forma gratuita, escrevendo livros que infelizmente poucos se interessam por ler (já que estamos em uma fase da vida em que abreviamos palavras e nos acostumamos a escrever no máximo em 140 caracteres), ser colunista de jornais e portais de comunicação de forma gratuita também…
Aos olhos de terceiros eu regredi em minha carreira deixando o banco para virar professor, mas a minha mentalidade ao deitar com minha cabeça no travesseiro me deixa satisfeito, em paz e feliz com o sucesso que possuo hoje e que tenho a humildade e incentivo próprio de continuar almejando nesse rumo que decidi trilhar.
Agora eu pergunto à você: o conceito de sucesso é 100% seu, vem de dentro ou têm impacto e pressão social?
Convido você a colocar na balança o que realmente lhe motiva, o que realmente lhe anima, o que realmente lhe deixa feliz e satisfeito, seria construir um Eu como queriam os filósofos existencialistas como o francês Jean-Paul Sartre ou construir uma imagem ideal como expôs Platão? Ser ou parecer ser?
Qual a métrica que norteia sua vida: a aprovação social ou sua consciência limpa somada a sensação de dever cumprido? Reflita sem pressa. Um grande abraço.
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL) – Instagram @institutopontes_oficial