É preciso estar atento e forte / Não temos tempo de temer a morte, é um trecho da canção Divino, Maravilhoso, de Gal Costa, que morreu aos 77 anos, na última quarta-feira. Na música Chuva de Prata ela manda outro recado: Você deve acreditar no que é lindo / Pode ir fundo! / Isso é que é viver! E abro espaço para responder com um trecho de outra melodia dela: Tá certo Baby, eu sei que é assim!
Já Rolando Boldrin que era ator, cantor, compositor e apresentador do Sr. Brasil também morreu no mesmo dia que Gal Costa, aos 86 anos, e nos deixa também algumas canções, dentre elas: Eu, a Viola e Deus, praticamente uma despedida: Eu vou-me embora / E na hora vai cantar um passarinho / Porque eu vou sozinho / Eu, a viola e Deus.
Mas foi olhando para essas duas personalidades brasileiras que fizeram uma passagem bonita por aqui que me dei conta do privilégio de termos tantos artistas brasileiros que vivem para cantar e nos encantar. Com mais de 70 ou 80 anos eles seguem atuantes, compondo, soltando a voz e fazendo shows. Gal Costa era um desses artistas, inclusive estava se preparando para uma turnê na Europa no próximo ano.
Por isso na coluna de hoje separei trecho de canções que tocam o meu coração para homenagear alguns artistas que já passaram dos 70 e temos o privilégio de serem brasileiros e nos encantarem com uma longevidade produtiva.
De Roberto Carlos, 81 anos, que segue fazendo shows e o especial de fim de ano da Globo, guardo a canção O Portão que diz: Eu voltei agora pra ficar / Porque aqui, aqui é meu lugar / Eu voltei pras coisas que eu deixei / Eu voltei. Já Erasmo Carlos, 81 anos, que na minha infância achava que era parente de Roberto, separei um trecho de Sementes do Amanhã: Fé na vida, fé no homem, fé no que virá / Nós podemos tudo / Nós podemos mais / Vamos lá fazer o que será.
Maria Bethânia, com 76 anos, me trouxe em Brincar de Viver o seguinte ensinamento: Você verá que é mesmo assim / Que a história não tem fim / Continua sempre que você responde “sim” / À sua imaginação / À arte de sorrir cada vez que o mundo diz “não”. Ney Matogrosso, hoje com 81 anos, em Balada do Louco me remete à felicidade: Sim, sou muito louco, não vou me curar / Já não sou o único que encontrou a paz / Mais louco é quem me diz / E não é feliz / Eu sou feliz.
E por último separei três ‘oitentões’ que seguem cantando e encantando. Gilberto Gil, 80 anos, traz na canção Andar com fé uma ponta de esperança: Andar com fé eu vou / que a fé não costuma ‘faiá’. Já Caetano Veloso, também com 80, canta: Terra, terra / Por mais distante/ O errante navegante / Quem jamais te esqueceria? E o outro octagenário, Milton Nascimento, também nos faz um convite em Maria, Maria, o de ter fé na vida sempre: Mas é preciso ter manhã / É preciso ter graça / É preciso ter sonho sempre / Quem traz na pele essa marca / Possui a estranha mania de ter fé na vida.
Kátia Camargo é jornalista e escreveu esse texto para lembrar o quanto a música tem o poder de tocar a alma humana. E deseja que essa geração siga ‘Caminhando e Cantando’ por aqui! Para homenagear Gal Costa separou a canção Festa do Interior, que remete a alegria de suas canções: