Já parou para pensar na importância da reciclagem em nossas vidas e na sobrevivência do planeta? Quando falamos em sustentabilidade, precisamos, em primeiro lugar, lembrar que não existe “jogar fora”: tudo continua aqui, nesse ‘planetinha’ potente chamado Terra, gerando impacto na nossa vida e nas gerações que virão.
Você sabia que somos o quarto país que mais produz lixo plástico no mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia? Entretanto, somos os que menos reciclam: apenas 1,2% do nosso volume total vira algo novo.
Essa semana visitei o Projeto Reciclar que é uma cooperativa de trabalho dos profissionais de coleta e manuseio de materiais recicláveis de Campinas, inaugurado oficialmente em 2000. O local faz parte da Pastoral Social e do Ministério da Caridade da Paróquia Nossa Senhora Aparecida. Eles reciclam cerca de 800 toneladas por mês.
Sai de lá com dois aprendizados fortes: a importância de seguirmos cada vez mais reciclando e a força da palavra cooperativismo. A reciclagem é uma forma de recuperar a riqueza embutida no lixo, possibilitando a conservação do meio ambiente, além de gerar trabalho e renda. Já o cooperativismo é uma forma solidária de se fazer negócio, que valoriza o bem-estar e o desenvolvimento do ser humano. Achei as duas junções muito potentes.
Mas, durante a conversa com a Evani Ema Nadalutti de Aquino Tavares, uma das idealizadoras do projeto que foi presidente por 22 anos, ela me contou que as coletas diminuíram muito desde a chegada da pandemia. “Estamos pedindo para quem puder trazer a reciclagem aqui na nossa sede, pois quando os caminhões passam para fazer a coleta já não tem mais quase material na rua”, destaca.
Isso porque aumentou muito o número de pessoas que perderam o emprego e estão tentando viver da reciclagem.
Por lá, todo material recolhido ajuda a sustentar pelo menos 46 pessoas e suas respectivas famílias. Recomendo muito fazer uma visita no local e aproveitar para levar seus recicláveis. Se quiser, pode aproveitar para tirar dúvidas de como separar o material que pode ou não ser aproveitado. Eu, por exemplo, nunca mais vou olhar a reciclagem do mesmo jeito.
E pensar que o projeto nasceu dentro de um grupo de oração da qual Evani fazia parte. Sabendo da força da frase bíblica: ‘fé sem obras é morta’ o grupo resolveu partir para a ação. “O ano era 1998 e queríamos tentar fazer algo para ajudar a combater a miséria, a fome e o desemprego. Começamos oferecendo cursos na igreja Nossa Senhora Aparecida de informática e artesanato. Depois tivemos a ideia de tentar trabalhar com a reciclagem”, conta.
Evani lembra que primeiro eles montaram um curso para 25 pessoas para falar sobre reciclagem e cooperativismo e, em seguida, começaram a coletar materiais na praça em frente da igreja. “Nesses anos fomos aprendendo muito, batalhando para melhorar as condições de trabalho. A cooperativa foi se tornando auto sustentável e conseguiu construir uma sede. Fomos juntando dinheiro e comprando os equipamentos necessários. Temos muito orgulho desse projeto que tem ajudado muitas pessoas e ainda causa um impacto positivo no mundo”, destaca.
A sede atual foi construída através de um TAC junto a PMC e toda parte administrativa foi com um projeto junto ao BNDES. Maquinário, caminhão e EPI, também contaram com dinheiro vindo do projeto do BNDES e de outros parceiros.
Fica aqui um convite e endereço para quem quiser conhecer o espaço da Cooperativa Reciclar. O endereço é Rua Alaíde Nascimento de Lemos, 300 – Jardim Proença, Campinas.
Kátia Camargo é jornalista e tem usado o jornalismo como fonte inesgotável de aprendizado diário. Nunca sai do mesmo jeito que entrou para fazer um texto. Gosta muito de um vídeo infantil da banda Jacarelvis e Amigos que se chama O Lixo é o Meu Tesouro.
Para conferir a letra da música: