Pensar na violência dentro das escolas é algo muito complexo, principalmente quando se é jovem e está inserido nesse cotidiano escolar. Logo que começaram os ataques nas escolas eu faltei alguns dias. E ainda tenho medo, a escola deveria ser um lugar seguro para todos.
Na minha escola não temos casos de violência física, mas eu sinto que a convivência em grupo está muito fragilizada! E os tratamentos que vemos entre alunos e professores ou coordenadores e alunos não são tão amigáveis.
Muito além das matérias que aprendemos em sala de aula, a escola nos forma como ser humano, nos ensina a lidar com pessoas diferentes. É neste espaço escutamos coisas novas que não estão presentes no nosso dia a dia na família. A escola ajuda a ampliar nosso olhar do mundo e para o outro.
Então pensar na violência e nos ataques que ocorreram nos últimos meses e também nas ameaças é algo que atravessa muitas camadas. Acredito que começa muito antes de chegar na escola. Não dá para simplesmente afirmar que é por conta de situações de bullying ou exclusão de grupos.
Claro que isso diz muito sobre a violência, mas o desafio vai além. Talvez venha de um passado ou presente familiar violento, um transtorno mental não diagnosticado, um afastamento familiar, uma falta monitoramento sobre o que aquele adolescente tem visto, o que está assistindo, consumindo, com quem ele conversa, quem são seus ‘heróis’, se são pessoas violentas ou não. Ou seja, é preciso mergulhar em diferentes realidades, que envolvem escola, família, poder público.
Como jovem que acredita no poder transformador da educação penso que é sim urgente e necessário envolver escola e família. Acredito que o acompanhamento psicológico pode ser um caminho certeiro, criar projetos onde se incluam todos os alunos sem panelinhas, trabalhar a comunicação não-violenta.
Ou seja, não existe uma única estrada, mas muitas que precisam ser percorridas para que a tão sonhada paz na escola volte a reinar.
Marina Vieira, 16 anos, está sempre envolvida em projetos que ajudam a melhorar a educação. A jovem adora ler e escrever poesias. É aluna do Ensino Médio e pensa em cursar história na faculdade.