O Carnaval acabou e suas escolas de samba extraordinárias nos deram uma aula de organização e arte com amor e fervor. Mas na Quarta-feira de Cinzas, temos de resgatar a verdade escondida nas entranhas políticas do mundo e do nosso país.
Como fui convidado por muitas ONGs (Organizações Não Governamentais) ou OSCs (Organizações da Sociedade Civil) como são chamadas atualmente para ser um instrumento de coordenação em temas como educação e cidadania desde jovem, tive a oportunidade de participar de mobilizações em prol da dessas causas desde o governo Fernando Henrique, pelas mãos de dona Ruth e de minhas amigas Milu Vilela, Maria Lucia, Zilda Arns, além de muitas outras senhoras extraordinárias, cidadãs dedicadas e também jovens, que hoje se tornaram alguns dos melhores exemplos de cidadania ativa e responsável, como Priscila Cruz.
Essas experiências combinadas aos 40 anos de Fundação Educar e Fundação FEAC, me impuseram uma nova responsabilidade: salvar os nossos jovens, do que pode até levá-los à prisão, via o ensino de práticas de trabalho e ofício.
Não adianta ignorar nossos jovens que nem estudam nem trabalham, muito menos tentar segregar os mais marginalizados através de muros e outras ações que não fazem senão tampar o sol com a peneira. Se esses jovens eram 1 milhão em 1992, hoje são 13 milhões ou mais.
Em muita coisa o nosso Brasil melhorou desde os anos 1990, podemos nos orgulhar de inovadores maravilhosos como Jorge Guerdau e Fernão Bracher, meus mestres na responsabilidade social, além de agentes do Estado dedicados a essa responsabilidades, como Fernando Haddad, em suas atuações no Ministério da Educação e no Insper e, agora, no desafio da gestão da economia (algo quase insano, que mesmo que aplique um pragmatismo atroz, terá de aguentar milhões de pedidos de empresários e políticos e seus projetos). Também destaco o vice-presidente e, para mim, o melhor governador da história de São Paulo, Geraldo Alckmin, um exemplo de dedicação aos desafios políticos e executivos.
O momento não é de vingança ou revanche. É de nos unimos, separando o joio do trigo, para replantar a verdade e a educação da sociedade como um todo. Pode ser ingenuidade da minha parte, mas adoro ser ingênuo, mesmo que me custe o desdém de muitos.
Peço que quem tenha conseguido chegar aqui neste artigo, respire fundo e imagine que país deixaremos aos netos desta nação, e se possível se permita ser um pouco mais ingênuo para começarmos a pensar um novo rumo.
Como seremos responsáveis pela nossa escola de samba desvairada chamada Brasil?
E nem estou destacando os fatos mais recentes, vídeos idiotas ou maldosos, além do razoável. Não precisamos ser específicos para reconhecer nossos problemas.
Cabe a cada brasileiro respirar fundo, abrir um caderno ou computador e escrever o que cada um de nós deve fazer este ano, para chegarmos vivos e melhores no Carnaval do ano que vem.
Imagino que assim seja com cada escola de samba, ao acabar o desfile do ano já se prepara para começar o próximo, levando em contra principalmente os erros que cometeu. E nós também!
Neste momento é preciso separar muito bem o joio do trigo para não perdermos a safra toda de boa qualidade, constituída de brasileiros maravilhosos.
Para ter certeza disso, basta entrevistar pessoas numa fila de ônibus e ver e ouvir o que elas lhe contarão.
Luis Norberto Pascoal é empresário, empreendedor e incentivador de projetos ligados à educação e à sustentabilidade. A Fundação Educar Dpaschoal é um dos pilares de seu trabalho voltado ao desenvolvimento humano e social.