Recebi mensagem de uma pessoa me dizendo: “Chega, já enjoei de te esperar, eu vou é me divertir; fique aí!”. A mensagem em tom agressivo e impaciente se devia ao fato de eu estar negando um convite a mim feito para ir à um evento “clandestino, secreto” ou seja lá qual for o nome disso. O ponto é: estamos em meio a uma quarentena decorrente de um vírus traiçoeiro, não seria justo nem ético da minha parte desobedecer as orientações da OMS e contribuir para que o número de infectados pela Covid-19 aumente, ainda mais eu: um filósofo que estuda e lida com Ética e Moral.
A partir dessa introdução feita convido-lhe a refletir junto a mim sobre esse momento no qual estamos vivendo, andei pensando que é tal como uma oportunidade de peneirar, separar ‘o joio do trigo’, o que é verdadeiro do que é falso. Gostaria que você não me abandonasse, nem tivesse uma segunda intenção por mim, posso contar com você nessa reflexão? Ótimo, então vamos lá. Essa época de pandemia e quarentena vem sendo um drama principalmente nas áreas da economia e da saúde, muitas pessoas desempregadas e muitas perdendo suas vidas, milhares de famílias angustiadas, tristes, desoladas…
Porém enxergo um viés oportuno nisso tudo, um viés onde é possível você perceber quem realmente está do seu lado pelo que você é, pelos seus ideais, crenças e valores diferentemente daqueles que estão ao seu lado única e exclusivamente pelo fato de você ter algo à lhes oferecer, por você ser tal como uma ‘escada’ que levará tal pessoa a outro nível, um nível desejado por ela, como se você fosse apenas um Meio para ela atingir um Fim, depois de atingi-lo você certamente seria descartado.
Essa reflexão me fez lembrar o filósofo italiano Maquiavel com sua famosa frase: “- Os fins justificam os meios!”. Anos após sua morte apareceu um filósofo alemão chamado Kant e inverteu a ideia da frase anterior deixando-a assim: “- Os meios justificam os fins!”; é nessa linha de raciocínio que busco seguir.
É triste refletir e reconhecer isso eu sei, sei e estou vivenciando isso, já perdi as contas das pessoas que se diziam parceiras e amigas e simplesmente sumiram do mapa, fazendo convites imorais, oportunistas, muitos querendo passar a imagem de ‘espertalhões’, outros de ‘valentões’. Tem ainda aqueles que querem usar da caridade para ‘se aparecer’ e ganhar status social, prazer e até mesmo conquistar seguidores nas redes sociais… É um período interessante onde é possível perceber que algumas máscaras caem, falsos amigos se revelam, falsos amores desaparecem…
Estou aprendendo que a palavra ‘NÃO’ tem grande impacto, ela separa, ela divide, ela desagrada, mas nesse momento de peneira e pandemia pouco me importa a quantidade, mas sim a qualidade daqueles que optam por ficarem ao meu lado, respeitando as ‘regras do jogo’, visando os ‘meios’ para que tenhamos um ‘fim’ o mais saudável possível. Essa peneira trás consigo o convite para que sejam desenvolvidas em nós habilidades tais como a Empatia nos colocando no lugar do próximo e a Compaixão; seria como se sofrêssemos com, sofrêssemos junto dos amigos e amigas.
É também momento de praticar e desenvolver a calma, a paciência, o autocontrole, é uma fase que nos convida ao amadurecimento, pois insisto: não adianta desejar que tudo volte a ser como era antes, infeliz ou felizmente não voltará. Está escrito na nossa bandeira nacional: Ordem e Progresso. Eu foco aqui na palavra Progresso, seu conceito e significado segundo o dicionário é de “Movimento para frente; Avanço”. Portanto, espero que tanto eu como você saiamos dessa quarentena renovados, em todos os aspectos.
Especialmente aqui, nessa nossa reflexão, no quesito ‘relacionamento’: use esse período como um teste, para realmente ver quem se importa com você, quem tem empatia e compaixão por suas dores e dificuldades, quem sente sua ausência, quem respeita seus valores deixando de lado o resto, pois o resto… É resto. Na peneira da vida às vezes ganhando a gente perde e perdendo a gente ganha!
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL)