Ao me amparar do conteúdo de Filosofia, nas aulas de Educação Midiática trouxe alguns pontos em comum para com meus alunos, em especial no final de semana cristão, de sexta até domingo, independente de religião. Poderia me acompanhar nessa reflexão? Ótimo, então venha comigo.
Pois bem, o que ando percebendo é que a tecnologia envolvida em aparelhos celulares vem afastando as crianças, os jovens, estes não mais brincam em ruas, muito pelo contrário, ficam num canto da casa, da escola e ali ocupam-se com atividades on-line. Como se não bastasse os jovens sendo sugados pela tal tecnologia, os pais também são reféns disso tudo.
É estranho, porém real, perceber que dentro de uma casa, com 4 membros, cada um está num cômodo da casa, explorando alguma atividade: o pai na sala sentado no sofá, a mãe deitada na cama, um filho num quarto, outra filha na cozinha, todos com celulares e aplicativos ocupando seus respectivos cérebros. Minha provocação aqui é: lá no final, bem no final, você está praticamente sozinho, sozinha?!
Essa história de ter milhões de seguidores, de “amigos”, se faz real de fato quando se precisa no cotidiano? Fiz essa introdução para junto dela trazer a famosa Sexta-feira Santa onde Jesus, o Cristo, fora abandonado por todos aqueles que estavam perto dele, sobrando em dado contexto apenas sua mãe Maria, Maria Madalena e o discípulo que ele mais amava (muitos interpretam como sendo João).
O ponto é: desde aquela época o diálogo era conveniente, a amizade era conveniente, os resultados e frutos eram convenientes, mas quando o chicote estralava era cada um por si. O que mais vejo no ambiente escolar como professor são alunos que moram com seus pais e/ou responsáveis e se sentem sozinhos, solitários.
Daí vem à vulnerabilidade e com ela a possibilidade de tentar se preencher com qualquer coisa que se é oferecido como entorpecentes em geral.
Como está os mais diversos relacionamentos do seu cotidiano? Tem realmente com quem dividir seu fardo? Há pessoas com quem você possa partilhar suas dores? Ou só há aquelas pessoas que querem estar ao seu lado quando há inúmeros benefícios para serem colhidos?!
Sexta-feira Santa, data no qual houve traição e abandono. Data na qual Ele optou por continuar sendo humano e não usar seus poderes, data na qual se viu sozinho quando gritou já crucificado: “Por que me abandonastes?”. Como você se sente na hora H? Qual a avaliação que você faz de você, dos seus relacionamentos, no seu dia a dia? O que você aprende com essa data? Com essa nossa reflexão? Você se considera uma pessoa solitária? Se orgulha disso? Onde fica o coração com as boas intenções? Onde fica o ódio e a mágoa? Onde fica o vazio existencial? Como e com o que preenchê-lo?
Enfim minha querida leitora, meu caríssimo leitor, ao se olhar de frente a um espelho, quem você enxerga? Quais as virtudes e qualidades? O que você poderia vir a cogitar ser um defeito? O que esperar dos outros e principalmente de si? Quais os aprendizados você daria para alguém a respeito dos relacionamentos que você já vivenciou, tal como uma pessoa sábia?!
Lá no fundo, bem no fundo você se considera sozinho (a)? Pode contar com uma multidão, multidão essa que cabe numa mão e sobram dedos? É como se você se sentisse só, eu me sentisse só, um vizinho se sentisse só, é tal como uma solidão agrupada, pessoas juntas, mas apenas fisicamente, apenas isso.
Reflita, você com você mesmo (a), sem pressa, beba um chá, um café, analise-se, vá, vá, vá…
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL)