Só de escutar aquele “motorzinho” no consultório do dentista assusta e dá aquele arrepio na espinha de muita gente. Porém, em alguns casos, a pessoa sente tanto medo que não consegue encarar este profissional para finalizar um tratamento. Quando chega neste ponto o pavor limitante recebe o nome de odontofobia.
Segundo o cirurgião dentista Edinei Dias da Silva, formado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a “fuga” do consultório odontológico deixa a pessoa mais sujeita a doença periodontal ou mesmo perda precoce dentária. “Problemas simples como uma cárie inicial ou uma gengivite, que não forem tratadas em seu início, vão piorar com o passar do tempo afetando a saúde bucal e sistêmica do indivíduo.”
Além disso, existe um agravante, não cuidar da saúde bucal aumenta a chance de ter outros problemas de saúde e diminui a expectativa de vida. “Já que a saúde bucal precária tem relação com algumas condições que apresentam risco de morte, como as doenças cardíacas e infecções pulmonares”, explica o profissional.
Mas, atenção, fobia é diferente de “ansiedade odontológica”. É bom esclarecer que a odontofobia e ansiedade odontológica – assunto que tem ganhado cada vez mais destaque – não são a mesma coisa.
“Fobia, como o próprio nome diz, é um medo intenso e irracional e pode acometer os indivíduos de diversas maneiras. No caso de pessoas com medo de dentistas dá-se o nome de odontofobia. E estas pessoas precisam de tratamento médico”, alerta o especialista.
Segundo o cirurgião dentista, a ansiedade odontológica, por sinal, costuma “caminhar” junto com a fobia, uma vez que pacientes com odontofobia apresentam sintomas como insônia antes da consulta, nervosismo antes e durante o atendimento, vontade de chorar e até podem se sentir “doentes fisicamente”.
“Contudo, por mais que os termos pareçam sinônimos, eles não são”, explica Edinei. “A ansiedade odontológica é caracterizada por nervosismo, tensão ou apreensão em relação às consultas com um cirurgião-dentista, sem que haja um motivo aparente para essa sensação”, complementa.
Já a odontofobia é um transtorno mental e requer diagnóstico e tratamento. Ela existe em vários graus, mas, de maneira geral, é entendida como um medo intenso e pânico de ir ao dentista, o que vai além da ansiedade.
Uma coisa é certa, ir ao dentista regularmente previne cáries e a perda de dentes, e vai além da questão estética.
É essencial manter a saúde bucal para evitar problemas graves como infecções e até mesmo doenças cardiovasculares. Por isso, a odontofobia precisa ser superada, uma vez que quem tem medo de dentista negligencia os cuidados bucais.
Para quem têm muito medo, observa Ednei, é fundamental encontrar um profissional de confiança. Lembrando que durante a consulta, o especialista pode encaminhar para um psicólogo ao perceber a odontofobia.
Trauma
Segundo a Associação Brasileira de Odontologia (ABO), 27 milhões de brasileiros nunca foram a um dentista, sendo que o Brasil concentra o maior número de dentistas do mundo.
De acordo com Silvio Alves, cirurgião dentista da Clínica Oral Unic, é muito comum ouvir queixas de pacientes que têm algum tipo de trauma físico e/ou psicológico em relação a alguma experiência negativa com um tratamento odontológico.
“Por isso, é importante não somente contar com equipamentos de alta tecnologia que diminuem o tempo do procedimento e suavizam a intervenção, como também investir em atendimento humanizado, melhorando a experiência do paciente como um todo”, orienta Alves.
Daniela Nucci é jornalista – [email protected]