Pois bem, minha caríssima leitora, meu caro leitor, cá estamos nós, em pleno século XXI, época de mudanças de princípios e valores, de culturas distintas, de reformulação de identidade individual e coletiva, época de divergências singulares, nichadas, aja vista a da política (que, em grande medida causou inúmeros conflitos e divergências, posicionamentos com argumentos rasos e gritos sem grande repertório para defesa de ideais). É sobre isso que gostaria de convidar você a refletir comigo, você aceita? Então, mãos a obra.
Estamos vivendo em uma época onde as mudanças vêm ocorrendo com enorme fluidez, época em que nada tem mais base concreta, o que há é liquidez, vivemos numa denominada “sociedade líquida”, termo criado e utilizado pelo grande sociólogo polonês Bauman.
Esta geração atual, geração que advém a partir dos anos 2.000 é uma geração de novos princípios e valores, que geralmente tendem a confrontar até mesmo os valores que se têm dentro da própria casa, valore e princípios que são passados pelos pais, uma geração onde é proibido proibir. Um era em que o que mais há são reivindicações de autonomia, direito e liberdade, e é justamente aqui onde se inicia conflitos verbais e até mesmo físicos por conta de tal desejo. Porém desde a Revolução Francesa, há o surgimento do Contrato Social, com a intenção de atender a demanda e necessidade da população… O tempo passa e me parece que tais desejos não são sanados.
Em pleno século XXI o que mais vemos são pessoas descontentes, principalmente jovens que não se enquadram em valores e princípios tradicionais, mas não possuem ainda muito bem definidos quais devem seguir, ou quais são os seus pensando de fórmula singular. Vemos uma geração nova, que está sem um Norte, está “desreferenciada”, termo que criei para me referir a uma geração sem uma referência e é aí que se encontra o X da questão: para onde ir? Qual a referência? A bendita autonomia e liberdade tão almejada por anos vêm chegando numa velocidade incrível…
Há dois grandes nomes da filosofia francesa que tratam desse assunto, Edgar Morin e Gills Lipovetsky, ambos tratam da crise dos valores e dos deveres. Em pouco mais de vinte anos conseguiu-se uma autonomia que não se tinha em dois séculos ou muito mais que isso. Para onde ir? O que nos satisfará a partir de agora? Seremos movidos por qual princípio? Por qual valor? Qual será nossa referência?
Será que existe um propósito de vida ou estamos aqui, jogados nesse mundo por mero acaso? Nosso projeto de vida; será que somos enviados aqui com um já pré-definido, ou simplesmente somos jogados como um Nada de Ser como defende o filósofo francês Sartre?!
Deixo essa reflexão à você, pois já lhes adianto que não tenho resposta alguma, ao contrário de gurus de autoajuda que sempre têm respostas prontas e métodos engessados (visando lucro obviamente) para sanar tais dúvidas existenciais e angustiantes. Um grande abraço.
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL)